Depois que a visitadora do programa Criança Feliz Lecy Matias passou a frequentar semanalmente a casa de Nubia dos Santos, moradora de Pacatuba (SE), o bebê Uemerson, de quatro meses de idade, passou a reagir aos estímulos da mãe com mais sorrisos e atenção. Segundo Nubia, esses momentos – antes raros – começaram a ficar mais comuns. “Agora estou achando melhor porque ele parece estar se desenvolvendo mais rápido. Está mais esperto, feliz e pegando brinquedo para brincar”, conta.
Uemerson é o primeiro brasileiro a ser acompanhado pelo Criança Feliz, iniciativa do governo do Brasil que completa um ano nesta quinta-feira (5). Ele mora com a mãe, o pai e quatro irmãos em uma casa de barro e madeira no povoado Ponta de Areia, no litoral norte sergipano. O programa começou por ele, mas as visitas se espalharam pelo município, pelo estado e hoje atingem todas as regiões do País.
Nubia e o marido, Alcino dos Santos Júnior, recebem o benefício do Bolsa Família todo mês. Para o casal, ver o desenvolvimento de Uemerson já faz a família sonhar com novos caminhos. “Queremos que ele seja uma pessoa de bem, estude e consiga um bom trabalho no futuro. Toda mãe fica feliz quando vê os filhos se desenvolvendo melhor”, disse ela.
A casa da família fica a pouco mais de sete quilômetros do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Donita Martins. No centro, as visitadoras do programa se reúnem uma vez por semana. O município possui três profissionais responsáveis por acompanhar 107 famílias. Mesmo com o trabalho ainda no início, a ação já é capaz de emocionar a visitadora Lecy Matias. “Não tenho palavras para explicar o quão gratificante é chegar na casa das famílias e já ser bem recebida.”
Uma vez por semana, ela dá dicas e propõe atividades para desenvolver a coordenação motora e o lado cognitivo e socioafetivo de 30 pessoas – entre meninos, meninas e gestantes. “Eu já vejo muita diferença nas atitudes das mães e das crianças acompanhadas nesse período. Estamos incentivando as mães a interagirem com os filhos para estimular a coordenação, a visão e a audição, por exemplo”, conta.
Pioneirismo
O resultado do trabalho desenvolvido está despertando o interesse de muitas famílias ainda não contempladas. “Você vê que está crescendo e indo bem quando as pessoas estão procurando. E quando elas chegam, perguntando por que as crianças delas não estão no programa, diferente da filha da vizinha, por exemplo, analisamos o caso e falamos sobre o perfil necessário”, explica a psicopedagoga e coordenadora do Cras e do Criança Feliz no município, Núbia Izidório.Pacatuba foi o primeiro município do País a ter as visitas domiciliares do Criança Feliz. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 14,4 mil habitantes, 58,2% vivem com até meio salário mínimo por mês. Para atender as famílias mais pobres o quanto antes, a prefeitura aderiu ao programa e capacitou os visitadores.
Para a secretária de Assistência Social de Pacatuba, Faustilene Santos, estimular as crianças corretamente desde o começo é a melhor maneira de garantir o desenvolvimento integral infantil e garantir cidadãos mais capacitados no futuro. Por isso, ela acredita no potencial do programa para realizar uma verdadeira revolução social.
“Este é um investimento no ser humano do futuro. Imagino que as crianças acompanhadas agora terão um olhar para a sociedade, um comportamento diferenciado do que existe hoje em questão de educação, de valores, afetividade e aprendizagem. Com isso, ganha a sociedade como um todo.”
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