Com o tema “50 Anos de Tropicalismo”, o Carnaval do Pelô e Pipoca relembrou o legado e os ideais do importante movimento artístico e musical. A relação com o tema se espelhou na decoração, que espalhou pelas ruas do Pelourinho ícones, cores e símbolos da Tropicália. Também nos adereços distribuídos (coroa de frutas lembrando o turbante de Carmen Miranda e ventarola em formato de fatia de melancia) que tiveram a aprovação do público que aproveitou os adereços para se fantasiar. Os repertórios tocados na programação dos largos e nos microtrios e nanotrios, trouxeram a musicalidade e a celebração de valores como alegria, inovação e liberdade. Liberdade de se jogar e curtir um carnaval democrático, com segurança e diversidade.
O Carnaval Pipoca tem como principais protagonistas os microtrios e nanotrios, diminutos nos nomes, mas que garantem diversão em tamanho macro. Destaque pipoca ficou por conta do 2º Encontro dos Microtrios e Nanotrios, na sexta-feira (24), no Terreiro de Jesus, Pelourinho. Eles desfilaram também nos outros circuitos da folia, realizando ao todo 20 apresentações.
“O Carnaval Pipoca surpreendeu em nível beleza, qualidade e público. Os microtrios e nanotrios promovem o verdadeiro carnaval de participação, onde os foliões, de todas as idades, realmente conseguem ter uma proximidade e brincar junto com as bandas”, afirma a produtora Thelma Chase, coordenadora da curadoria artística que selecionou os projetos participantes.
Uma noite que ficou na memória de todos os foliões presentes deu o pontapé inicial para o Carnaval do Pelô. O encontro inesquecível de Gilberto Gil, Capinam e Caetano Veloso abriu com muito estilo e emoção o Carnaval da Cultura 2017. Os cantores, lendas vivas do movimento tropicalista, participaram do show Viramundos, liderado por Alexandre Leão, Claudia Cunha e Moreno Veloso.
Ao longo dos cinco dias da folia, aconteceram 10 encontros musicais que reuniram a nova geração da música brasileira e grandes estandartes. Os shows do palco principal reuniram 36 cantores ou bandas e mais de 100 músicos, que incansavelmente animaram a festa de cerca dos milhares de foliões que movimentaram o Largo do Pelourinho. Entre os veteranos de Carnaval do Pelô, estiveram presentes Márcia Short, Aloísio Menezes, Paulinho Boca de Cantor, Wil Carvalho, Larissa Luz, Gerônimo, e o grupo As Ganhadeiras de Itapuã, que encerrou o último dia com participações de Tom Barreto e Barlavento. O grupo BaianaSystem também retornou ao carnaval, mantendo o enorme sucesso das apresentações dos últimos anos.
O palco principal da folia também trouxe novidades, com diversos nomes que participaram pela primeira vez do Carnaval do Pelô. Embarcando juntas na folia, Liniker, Tássia Reis e as cantoras Raquel e Assucena de As Bahias e a Cozinha Mineira fizeram uma apresentação nada menos que lacradora. Também estrearam este ano nomes como Moreno Veloso, Bem Gil, Cena Tropifágica, Mariella Santiago, Laurinha Arantes, Adailton Poesia, Barlavento, Tom Barreto, e o rapper BNegão, que já havia feito participações especiais em edições anteriores, mas veio pela primeira vez dentro de um projeto.
Nos demais Largos do Pelô, diversão para toda família, teve espaço pra bailes infantis, hip-hop, pop rock, reggae, música afro, arrocha, guitarra baiana, orquestra, frevo, os ritmos dos antigos carnavais, entre tanta coisa que tornou a folia ainda mais divertida e plurals largos Pedro Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro D’Água, com 56 shows durante o carnaval, envolvendo mais de 400 artistas e músicos de ritmos diversos, e repertórios que iam desde as marchinhas dos antigos carnavais até o pop rock. Entre os destaques, o Samba de Roda de Dona Dalva e Samba Chula João do Boi, dois dos mais importantes e representativos grupos culturais do recôncavo. Dona Dalva veio pela primeira vez ao Carnaval do Pelô, encerrando o último dia de festa. Outros nomes novos na festa nestes palcos foram o de Márcia Castro, levando a mistura de música eletrônica, Renata Bastos, Compassos & Serpentinas, Banda Marcato, Mestre Nelito e Os Vendavais, Janaína Noblat, Circuladô e RBF – Rapaziada da Baixa Fria.
No segundo ano consecutivo, os bailinhos infantis foram um sucesso no Largo Pedro Archanjo, com uma programação que divertiu não só os pequenos foliões, mas também os pais, que através de cantigas de diferentes gerações puderam voltar à infância. Além disso, como já é tradição, as orquestras também tiveram espaço garantido e promoveram verdadeiros bailes carnavalescos com marchinhas e repertórios variados.
A alegria do carnaval também tomou conta dos 60 desfiles de grupos de performances, bandinhas e bandões de sopro e percussão que passaram pelas ruas, vielas e ladeiras do Pelourinho, levando uma mistura de expressões, cores e musicalidade.
Para Arany Santana, diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) da SecultBA responsável pela organização do Carnaval da Cultura, a folia deste ano foi uma das melhores já realizadas pelo Estado, e as homenagens ao Tropicalismo vieram no momento adequado. “Quando Caetano abre os braços diante do Pelourinho e canta ‘Alegria, Alegria’, que foi o hino da Tropicália, no momento social em que estamos hoje dadas tantas circunstâncias, a emoção e o significado são imensuráveis. Nós fizemos essa homenagem para aqueles que viveram o Tropicalismo há 50 anos e para a juventude, que apesar de não ter vivido o momento, já ouviu falar e foi influenciada por este movimento tão importante para a mentalidade brasileira”, explica a diretora, que destaca o esforço dos artistas em introduzir a temática do Carnaval da Bahia em suas performances, não só através do repertório, mas nos figurinos e cenografia. “É um compromisso que o estado tem com toda a população e reafirmamos que o carnaval do Pelô é o Carnaval da Cultura. Que passe informação, tenha conteúdo e conte a história do passado e do presente com perspectivas do futuro”, finaliza.