O Projeto de Restauração e Conservação do Acervo Histórico do Município de Salvador, promovido pela Prefeitura, através do consórcio Qualicopy/Acesso, estima disponibilizar à cidade cinco milhões de itens documentais restaurados e digitalizados, ao fim do contrato de 14 meses, que se encerra em julho deste ano.
Com um investimento de R$7,1 milhões, que previu a montagem de um laboratório de restauração com uma equipe de 39 integrantes, entre técnicos e estagiários de arquivologia, biblioteconomia, museologia e história, “o trabalho consiste na triagem, higienização, restauração, conservação, digitalização, descrição arquivística e indexação de todo o acervo histórico do município, de 1642 aos dias atuais”, segundo resume Ravel Pinheiro, gerente geral do projeto.
O objetivo, informa Pinheiro, é “preservar a memória das informações e a gestão do conhecimento produzido ao longo desse tempo, para disponibilizá-lo a toda a cidade”. Isso que deve ser feito em um repositório em formato de site, para armazenar as cópias digitalizadas dos documentos, além da nova sede do Arquivo Público Municipal, a Casa das Histórias de Salvador, onde serão abrigados os originais, a partir do segundo semestre de 2022, quando o equipamento deve ser inaugurado.
Acervo precioso – Restaurador de documentos responsável por chefiar a equipe técnica do projeto, o professor Eutrópio Bezerra ressalta o desafio e a relevância do trabalho. “São documentos textuais de suma importância, que se encontravam em estágio avançado de deterioração, porque foram manuscritos com tinta ferrogálica (tinta feita com sais de ferro e ácidos tânicos de origem vegetal), além de mal armazenados, expostos à umidade e à temperatura elevada. Já trabalhei em muitos arquivos e, sem dúvida, se trata de um dos acervos mais preciosos da história, não só de Salvador, como de todo o Brasil”, conclui.
Dentro do escopo do acervo, que inclui atas da Câmara, leis e decretos municipais, cartas do Senado a Sua Majestade, provisões reais, Bezerra destaca as coleções especiais, como a de certidões de nascimento, casamento e óbito, bem como as escrituras de compra e venda de escravos.
Além dos documentos da administração pública municipal, o acervo histórico de Salvador ainda conta com um setor de arquivos impressos, com publicações governamentais, livros e periódicos sobre a capital baiana; e com um setor de arquivos audiovisuais, com documentos iconográficos e cartográficos, plantas, mapas, fotografias, partituras, filmes em rolo e VHS, CDs, negativos em vidro e cartões postais.
Fotos: Igor Santos/Secom