A promotoria de Justiça Militar do Ministério Público do Pará (MP-PA) instaurou inquérito policial militar (IPM) para apurar a suspeita de que policiais militares participaram da chacina que deixou cinco mortos e 14 feridos em Belém (PA), no último dia 6.
A abertura do inquérito foi requisitada pelo promotor de justiça militar Armando Brasil, que ouvirá os depoimentos dos sobreviventes. Além disso, o procurador-geral de justiça do Pará, Gilberto Valente Martins, designou uma equipe de quatro promotores criminais para acompanhar as investigações da Polícia Civil.
Segundo testemunhas e sobreviventes da chamada chacina da Condor (em alusão ao nome do bairro da capital paraense onde o crime ocorreu), as vítimas assistiam a uma partida de futebol em um bar quando homens encapuzados saltaram de ao menos dois carros, cercaram as vítimas e começaram a atirar a esmo.
Três das vítimas morreram no próprio local do crime. Outras duas pessoas chegaram a ser levadas para hospitais próximos, mas não resistiram aos ferimentos e também morreram. O tiroteio deixou outras quatorze pessoas feridas. Até o momento, nenhum dos atiradores foi preso.
O Pará tem sido palco de sucessivas chacinas nos últimos anos. Neste primeiro semestre, os casos com mais mortes foram registrados na região metropolitana de Belém, no início do ano, e em Pau D’Arco, há três semanas.
Na capital do estado, 25 homicídios e 24 tentativas de homicídio com características de execução foram registrados nos dias 20 e 21 de janeiro, em diferentes bairros da região metropolitana. A repercussão dos crimes levou a Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) a criar um grupo com representantes de órgãos de segurança estaduais e federais, além da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Ministério Público Estadual, para acompanhar as investigações.
A série de assassinatos a tiros iniciada em janeiro foi motivada pela morte do soldado da Ronda Tática Metropolitana (Rotam) Rafael da Silva, 29. As mortes em série trouxeram à lembrança os assassinatos ocorridos no fim de 2014, depois que o cabo Antônio Marcos Figueiredo foi morto a tiros. Os atentados de 2014 motivaram a Assembleia Legislativa a instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, que concluiu que grupos de extermínio atuavam no estado.
O segundo caso em número de vítimas ocorreu na manhã de 24 de maio, em Pau D´Arco, a cerca de 300 quilômetros de Marabá (PA), no sudoeste do estado. Dez trabalhadores rurais sem-terra morreram durante uma ação policial que cumpria mandados de busca e apreensão e de prisão temporária contra um grupo de posseiros acusados de participar do assassinato de um vigilante.
Agência Brasil