A campanha Dezembro Laranja – Mês de Prevenção e Combate ao Câncer de Pele, promovida este ano pela Rede de Saúde Mater Dei, tem como mote a frase “Proteção de sol a sol”. A iniciativa destaca a necessidade de manter cuidados com a exposição aos raios ultravioletas (UV) todos os dias, independentemente das condições climáticas. A ideia é promover o uso diário de protetor solar e roupas adequadas, e incentivar hábitos como buscar sombra para reduzir os riscos. Além disso, ações educativas em escolas, comunidades e redes sociais visam ampliar a conscientização sobre a importância desses cuidados.
O câncer de pele é o tipo mais comum no Brasil, representando cerca de 33% de todos os diagnósticos oncológicos no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A dermatologista Drª Marilu Tiúba, especialista do Hospital Mater Dei Salvador, explica que a conscientização da população é uma das principais ferramentas de combate à doença. “É essencial que as pessoas adotem uma consciência solar, utilizando protetor diariamente, evitando exposição ao sol entre 10 e 15 horas e adotando roupas protetoras, como chapéus e óculos escuros com proteção UV”, ressalta.
Além dessas medidas, a médica destaca a importância do autoexame e de consultas regulares ao dermatologista para a identificação de sinais suspeitos na pele. Segundo a especialista, a regra do ABCDE ajuda os pacientes a observarem alterações nas manchas e pintas. Assimetria, Bordas irregulares, Cores variadas, Diâmetro acima de 6mm e Evolução no tamanho ou na aparência são características que podem indicar lesões preocupantes e merecem atenção médica. No diagnóstico precoce, ferramentas como a dermatoscopia e a biópsia são fundamentais para determinar o tipo de lesão e planejar o tratamento mais adequado.
Tratamento – O principal tratamento do câncer de pele é a cirurgia, como explica o cirurgião oncológico do Hospital Mater Dei Salvador e coordenador do Núcleo de Cirurgia Oncológica do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR), André Bouzas. “A cirurgia permite a retirada da lesão com margens seguras, além de possibilitar uma análise precisa do tumor através da biópsia, sendo a estratégia que mais garante a cura na maior parte dos casos”, afirma. O médico ressalta ainda a gravidade do melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele, que pode demandar margens de remoção maiores, de até 2 centímetros, dependendo da espessura do tumor. “Para casos mais avançados, temos hoje terapias inovadoras, como a imunoterapia, que estimula o sistema imunológico a combater as células cancerígenas com maior eficácia”, acrescenta.
Alertas – Uma questão frequentemente levantada por pacientes é a necessidade de exposição ao sol para a produção de vitamina D. A dermatologista Marilu Tiúba esclarece que, em cidades como Salvador, essa preocupação é desnecessária, já que as pessoas geralmente recebem exposição solar indireta suficiente para ativar a cascata da vitamina D, mesmo utilizando protetor solar. “Recomendamos suplementação oral para grupos específicos, como idosos, sem a necessidade de exposição prolongada ao sol, especialmente nos horários de pico”, explica.
A campanha também reforça os riscos do bronzeamento artificial, prática proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. “Esse procedimento aumenta consideravelmente o risco de câncer de pele. A Sociedade Brasileira de Dermatologia mantém uma posição firme contra qualquer tentativa de flexibilizar essa proibição”, reforça a dermatologista.
Após o tratamento do câncer de pele, o acompanhamento contínuo é essencial para prevenir recidivas ou o surgimento de novas lesões. “Os pacientes devem manter consultas regulares com dermatologistas e cirurgiões oncológicos e seguir medidas preventivas, como o uso diário de protetor solar e hábitos de vida saudáveis”, conclui André Bouzas.