Líderes do PSDB deram na última terça-feira (25) respaldo ao ministro da Justiça, Alexandre Moraes, que tem sido alvo de críticas feitas pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de outros parlamentares após a ação da Polícia Federal que na sexta-feira prendeu quatro policiais legislativos do Senado. Os servidores foram presos sob a suspeita de tentarem embaraçar as investigações da Operação Lava Jato. Moraes é ligado ao governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, de quem foi secretário de Segurança Pública no Estado, e conta com o apoio de parte dos integrantes das bancadas do partido na Câmara e no Senado. Apesar do respaldo oficial, tucanos criticaram a ação da Polícia Federal no Senado. “Achei a operação agressiva. Podiam ter dialogado e teriam o mesmo resultado. Acho desnecessário tensionar. Eu não me intimido”, afirmou o senador José Aníbal. Em caráter reservado, outros líderes tucanos mostram insatisfação com o estilo de Moraes. Parlamentares do PSDB dizem que ele deveria ser mais discreto e evitar declarações polêmicas. Após anunciar que vai ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a operação da PF, subordinada a Moraes, Renan Calheiros chamou o ministro da Justiça de “chefete de polícia” e reclamou que ele não tem se portado como um ministro de Estado, no máximo como um ministro circunstancial de governo. Rodrigo Maia, por sua vez, disse ontem que o ministro errou ao comentar a atuação da Polícia Legislativa do Senado quando discutiu o mérito da operação. O discurso dos tucanos desde a ação da PF – avalizado pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) – é o de que Moraes tem cumprido o seu papel previsto legalmente e não poderia deixar de atender a uma ordem judicial que determinara a ação no Senado. A ordem, entretanto, não é polemizar com os comentários críticos principalmente de Renan. “Há um erro de concepção supor que a Polícia Federal agiu sob o comando do ministro. Ela agiu sob a ordem do juiz federal uma vez que ela é polícia judiciária”, defendeu o líder do governo no Senado, o tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), que rebateu as críticas sobre a fala de Moraes no dia da operação de que os policiais legislativos extrapolaram suas funções. “Tenho outra visão do ministro da Justiça. É competente e foi um excelente secretário de Segurança Pública em São Paulo e está cumprindo o seu papel”, completou. “Nossa solidariedade o ministro teve e continua tendo” reforçou o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC). A orientação é manter o apoio a Moraes, sem se envolver em polêmicas públicas para não agravar a crise. Ainda não está prevista, entretanto, uma reunião de desagravo ao ministro como a que ocorreu no gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) na semana passada, antes da ação da PF no Senado. Moraes já vinha sendo alvos de críticas, entre elas a de ter supostamente antecipado uma das fases da Lava Jato que prendeu o ex-ministro Antonio Palocci. Alguns tucanos enxergaram que as declarações do presidente do Senado foram entendidas como um pedido velado pela saída do ministro da Justiça. Renan nega que queira derrubá-lo, mas fez críticas ao ministro em uma sucessão de conversas que têm tido com o presidente Michel Temer desde a ação. Na Câmara, a ordem dos tucanos é não entrar no embate entre o Senado e o governo, ou seja, não permitir com que o assunto continue “rendendo”. Moraes não é visto como ministro da cota da bancada e sim como uma figura ligada ao governador de São Paulo e que tem a confiança pessoal do presidente Temer.