Neste Outubro Rosa, é importante chamar a atenção da população LGBT para os cuidados com a prevenção do câncer de mama e do colo do útero. Na rede municipal, o Campo Temático de Saúde da População LGBT, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), tem trabalhado para oferecer atendimento qualificado a este público.
Em relação ao câncer de mama, há algumas especificidades que podem ser pensadas para a população trans e mulheres cis (que se identificam com o gênero de nascença), lésbicas e bissexuais. O técnico de Saúde da População LGBT, Erik Abade, explica que, para os homens trans que retiraram a mama (por meio da mamoplastia masculinizadora), é necessária a consulta com um profissional de saúde para avaliar a melhor forma de rastreio e indicar a mamografia, se necessário. Isso porque nem sempre essa retirada de mama é total, especialmente na região das axilas.
Para os homens trans que não retiraram a mama, a orientação é seguir a mesma conduta de rastreio de mulheres cis: realizar a mamografia recomendada para pessoas com idade entre 50 e 69 anos. Em caso de algum fator de risco na família, especialmente da existência de outros casos de câncer de mama, esse rastreio pode ser antecipado para os 40 anos.
Em relação às mulheres trans e travestis, também é preciso considerar que estudos mostram que aquelas que fazem a hormonização com estrógeno têm o risco de câncer aumentado em comparação aos homens cis, após cinco a dez anos de hormonização. Por isso, essas mulheres também precisam passar por avaliação de equipe médica para a análise do risco e indicação do melhor procedimento para cada caso.
Em relação ao câncer do colo do útero, homens trans devem ficar atentos e fazer o exame citopatológico, chamado de Papanicolau. A recomendação do Instituto Nacional do Câncer é que qualquer pessoa que possua útero, independente da identidade de gênero e orientação sexual, que já tenha tido atividade sexual e esteja na faixa etária de 25 a 64 anos, faça o exame.
Além das especificidades, o profissional orienta para a prevenção de qualquer câncer a adoção de hábitos de vida mais saudáveis, incluindo a realização de atividade física, boa alimentação, redução do estresse e do tabagismo, que é um importante fator de risco para qualquer tipo de câncer.
Desafios – O técnico do campo temático de saúde da população LGBT afirma ainda que algumas das principais dificuldades de acesso das pessoas trans, lésbicas e bissexuais na hora de se prevenir contra esses tipos de câncer continuam sendo o preconceito e a discriminação no serviço de saúde, refletindo em atitudes como o desrespeito ao nome social ou a identidade de gênero, além do desconhecimento de algumas especificidades nos cuidados com a saúde de pessoas trans por parte de alguns profissionais.
De 2018 até o primeiro semestre deste ano, pelo menos, três mil profissionais já foram qualificados sobre o acolhimento da população LGBT nas unidades de saúde. “Estamos tendo um processo intensivo de capacitações e qualificações. Além disso, estamos incluindo a temática nos materiais educativos que vêm falando sobre o câncer de mama e do colo de útero”, conta Abade.
Unidades – O atendimento da população LGBTQIA+ é oferecido em qualquer unidade de saúde da rede. As pessoas devem procurar a unidade de referência do território onde residem – Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família – e, se houver a necessidade de encaminhamento, elas serão direcionadas para as unidades especializadas.
Durante todo este mês de outubro, o Hospital Municipal de Salvador (HMS), localizado em Boca da Mata, está oferecendo exames preventivos, como ultrassom mamária e transvaginal. Os procedimentos são realizados de segunda a sexta-feira, nos turnos da tarde e da manhã, no ambulatório e no setor de bioimagem. Para ter acesso, basta procurar um dos 154 postos da rede municipal, munido do documento de identificação com foto e cartão SUS, para avaliação médica e de enfermagem.
Além disso, 29 unidades estão envolvidas para intensificar a oferta de consultas, exames e orientações em combate aos cânceres de mama e do colo do útero. A lista de unidades que realizam esses procedimentos durante todo o mês de mobilização está disponível no card oficial da SMS, bastando acessar o QR Code, ou no site www. saude. salvador. ba. gov. br/ unidades-saude-preventivo/.
Foto: Jefferson Peixoto/Secom