A disfunção erétil afeta praticamente metade dos homens entre 40 e 70 anos em alguma escala. Com o aumento da expectativa de vida, a comunidade científica tenta garantir que no futuro os tratamentos sejam capazes de reverter ou pelo menos atenuar esse tipo de problema.
Alguns estudos em andamento já dão hoje uma perspectiva do que se pode esperar quando se fala em terapias restaurativas.
A mais recente delas, que pode ser testada por pacientes no Brasil, é a de ondas de choque, que consiste na aplicação de pulsos eletromagnéticos diretamente no pênis do paciente.
“Essa energia estimula a liberação de fatores facilitadores de uma neovascularização, o aumento do suprimento sanguíneo do pênis, que é um dos fundamentos da ereção”, explica o médico urologista Giuliano Aita, coordenador da Área de Saúde Sexual da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
A Associação Europeia de Urologia recomenda que a terapia por ondas de choque seja feita em pacientes com disfunção erétil orgânica leve ou que não tenham resposta aos medicamentos do tipo Viagra e Cialis.
Segundo Aita, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já liberou os equipamentos para a terapia por ondas de choque, mas eles são disponibilizados em poucos locais da rede privada e a um custo ainda inacessível a boa parte da população.
A eficácia também é alvo de questionamentos, tanto que alguns profissionais restringem a prática ao ambiente acadêmico, sem cobrar dos pacientes, como é o caso do médico Georgios Hatzichristodoulou, da Universidade de Würzburg, na Alemanha, segundo o periódico Urology Times.
Estudos de outros tipos de terapias para a disfunção erétil estão em fase menos avançada, como o uso de células-tronco e de PRP (plasma rico em plaquetas).
As células-tronco são vistas por alguns estudiosos como uma possibilidade de, no futuro, reverter casos de impotência causada por cirurgias para a remoção de tumores na próstata.
“Os estudos clínicos com células-tronco foram feitos em pacientes que haviam sido submetidos a cirurgia de próstata, em que os nervos são danificados. As células-tronco têm capacidade de regenerar tecidos. A própria existência de estudos, embora limitados, já sinaliza alguns resultados positivos e que realmente pode representar um tratamento para esse problema”, explica o Giuliano Aita.
Em março deste ano, a Associação Europeia de Urologia divulgou que novos testes clínicos, embora em fase inicial, tiveram resultados positivos na restauração da função erétil. Os pesquisadores dinamarqueses conseguiram devolver a ereção espontânea pelo período de um ano. a oito dos 21 pacientes estudados.
No caso de pacientes com incontinência urinária (um dos riscos da cirurgia de próstata), nenhum deles teve sucesso na terapia com células-tronco.
O PRP é também apontado como uma alternativa na tentativa de reverter casos de disfunção erétil. Trata-se de sangue retirado do próprio paciente e centrifugado para obtenção de uma maior concentração de plaquetas.
Essa técnica, inicialmente, tem como alvo homens com disfunção provocada por “alguma alteração no tecido erétil peniano”, ressalta o médico da SBU.
“O plasma rico em plaquetas quando aplicado no corpo cavernoso tem potencial de recuperar a função erétil.”
O uso do PRP no Brasil ainda é considerado experimental pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), que afirma não haver “evidências científicas suficientes para a sua utilização e nem de sua eficácia, podendo trazer riscos à saúde do paciente”.
Apesar de ainda não serem consolidadas, essas técnicas podem ser um divisor de águas em relação ao que se usa atualmente como terapia para disfunção erétil.
Aita ressalta que os medicamentos orais são a primeira opção para os pacientes, seguido da injeção aplicada diretamente no pênis e de prótese peniana. Todas elas, acrescenta, “tratam apenas os sintomas”.
O urologista alerta que “o estado de saúde do pênis depende do estado de saúde geral do homem”, ponderando que é preciso controlar a pressão arterial, diabetes, praticar exercícios físicos, evitar o fumo e beber com moderação.
R7