Os desmaios, ou síncopes, não são doenças, e podem ocorrer por diversas razões. De acordo com o neurologista Antonio Galvão, do Hospital 9 de Julho, existem três tipos de síncopes: a vasovagal, que é a mais comum; a cardiogênica, que é o tipo mais grave; e a síncope por hipotensão postural, que está ligada a doenças.
A síncope vagal, responsável por cerca de 90% dos desmaios, ocorre por um excesso de reflexo do nervo vago, que liga o cérebro ao coração e a vários outros órgãos. Esse nervo é responsável pelos batimentos cardíacos e, ao receber estímulos externos, como o calor e fortes emoções, faz com que o coração bata mais devagar.
O batimento lento, somado à dilatação dos vasos sanguíneos, faz com que a pressão arterial abaixe, diminuindo o sangue em circulação na região cerebral, e a pessoa perde a consciência. Segundo Galvão, esses desmaios são passageiros, durando cerca de um minuto e causando palidez. Após a pressão subir, o coração volta ao batimento normal e a pessoa recobra a consciência.
O neurologista afirma que desmaios causados por exames de sangue são comuns. Esse desmaio está relacionado às emoções extremas, como o medo, ansiedade e estresse. Galvão afirma que, nas pessoas “normais”, esses momentos provocam uma descarga de adrenalina para a pressão subir. Já nas pessoas que têm um estímulo emocional negativo, essa descarga não ocorre, o coração começa a bater mais devagar e a pressão abaixa.
As síncopes cardiogênicas ocorrem por uma falha no batimento cardíaco e estão ligadas a problemas cardiovasculares, como a arritmia, paradas de batimentos e bloqueios cardíacos. Essa falha nos batimentos faz com que a pressão arterial fique baixa, e diminui o fluxo de sangue no cérebro. Galvão afirma que, nesses casos, o desmaio é uma situação mais grave, necessitando de internação hospitalar.
Já os desmaios por hipotensão postural ocorrem pela queda de pressão ao ficar de pé e estão ligados a doenças como o mal de Parkinson. “Nas pessoas ‘normais’, ao se levantar, o sistema cardiovascular desencadeia um reflexo para que a pressão não caia. Em pessoas que têm doenças que lesam o sistema nervoso autônomo, esse reflexo pode ficar comprometido, fazendo com que a pressão arterial diminua e, então, desmaia”, explica o médico. Nesses casos, o paciente deve tomar remédios e evitar lugares abafados, além de se hidratar.
Entre as grávidas, quando ocorre, o neurologista explica que se trata do desmaio vasovagal. Esses desmaios ocorrem, pois a gestação modifica o corpo, e o sangue fica mais diluído. O crescimento da barriga também afeta a circulação, podendo dificultar o retorno do sangue dos pés ao coração, abaixando a pressão.
As pessoas mais propensas a ter desmaios vasovagais são mulheres, idosos e aqueles que têm predisposição genética para síncopes. Para prevenir os desmaios, o médico recomenda que as pessoas se mantenham hidratadas, bem alimentadas e evitem lugares abafados.
Galvão afirma que, em alguns casos, a perda de consciência não pode ser considerada uma síncope. “As síncopes são aquelas em que há a diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro e que a pessoa fica imóvel. Casos de perda de consciência em que o fluxo não é afetado, não são síncopes”, explica. Entre essas ocasiões, está a hipoglicemia, em que a pessoa perde a consciência por mais tempo devido à baixa quantidade de açúcar no sangue, de maneira que o cérebro não consegue aproveitá-lo para continuar a funcionar.
Para que a pessoa se recupere dos desmaios, é necessária que ela permaneça deitada, deixando a cabeça ao nível do corpo e levante suas pernas para que o sangue retorne para o coração. Isso ajudará a aumentar a pressão, levando à volta da consciência. Após acordar, a pessoa deve permanecer em repouso e evitar esforços.
R7