Um acordo para a retirada de civis e rebeldes de Aleppo foi alcançado nessa terça-feira (13) – anunciaram grupos opositores, após a onda de indignação internacional provocada pelas atrocidades cometidas na segunda cidade síria, prestes a ser retomada pelo governo. A informação é da Rádio França Internacional.
Milhares de pessoas permanecem cercadas nos últimos bairros rebeldes da cidade, que já foi a capital econômica do país, sujeitas a intensos bombardeios do Exército.
O acordo para retirar “moradores e rebeldes com suas armas leves dos bairros sitiados” foi concluído, “impulsionado pela Rússia e Turquia”, apoiadores do governo e dos rebeldes, respectivamente, disse um chefe rebelde à AFP. O acordo “entrará em vigor nas próximas horas”, afirmou Yasser Al Yussef, do escritório político do grupo Nuredin Al Zinki.
Feridos e civis
“A retirada de feridos e civis será feita primeiro. Depois, os rebeldes sairão com suas armas leves”, acrescentou. “Os que saírem escolherão ir para o oeste da província de Aleppo ou para a província (vizinha) de Idleb”, em regiões sob controle insurgente, acrescentou o representante rebelde.
Uma fonte do Ahrar Al Sham, outro conhecido grupo rebelde islamita, confirmou o acordo, afirmando que os civis, e depois os rebeldes, seriam retirados de ônibus para essas áreas.
Pouco depois, o embaixador russo na Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou o acordo. “Foi alcançado um acordo para que os combatentes deixem a cidade”, disse Vitaly Churkin a jornalistas. Segundo ele, a retirada pode começar “dentro de algumas horas”.
De acordo com Churkin, o Exército sírio paralisou suas operações em Aleppo, com o objetivo de permitir que combatentes da oposição e suas famílias deixem a cidade.
Submetidos a quatro semanas de intensos bombardeios aéreos e ao fogo da artilharia, os rebeldes perderam quase todo seu antigo reduto do leste de Aleppo e estão encurralados, juntamente com milhares de civis, principalmente no bairro de Al Mashad.
Apoio russo
A conquista total de Aleppo, dividida desde 2012, permitirá ao governo de Bashar Al Assad controlar as cinco maiores cidades da Síria, junto com Homs, Hama, Damasco e Latakia – conquista que não teria sido possível sem a ajuda de Moscou, aliada de Damasco e ativa na Síria desde setembro de 2015.
Em quatro semanas, a operação militar custou a vida de mais de 463 civis no leste de Aleppo, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), enquanto 130 civis morreram no oeste da cidade. Desde 15 de novembro, mais de 130 mil civis fugiram dos bairros do leste.