Por não precisarem de receita médica, os MIPs (Medicamentos Isentos de Prescrição) são boa opção para uma dor de cabeça que chegou sem avisar ou para aliviar a indisposição causada por uma gripe. Mas apesar de não ser necessária a tal receita médica, o uso desses medicamentos deve ser feito com orientação de farmacêuticos e também é preciso lembrar que eles não curam doenças.
A vice-presidente executiva da ABIMIP (Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição), Marli Sileci, explica que os MIPs não curam, mas podem tratar de sintomas menores como uma gripe ou um resfriado.
— São fabricados com fórmulas de alto perfil de segurança, o que significa que o abuso pode até fazer mal, mas as reações adversas param após a suspensão e o potencial de toxicidade é baixo.
Além disso, ele dá o conforto para que o paciente não precise consultar um médico para uma coisa mais simples. E servem como uma ferramenta importante de prevenção, como é o caso de vitaminas e antioxidantes, explica Marli. Mas muitas vezes eles são relacionados de forma errada ao uso indiscriminado e à automedicação.
— O termo automedicação é utilizado no Brasil de uma forma diferente do resto do mundo. Aqui o termo é confundido com a autoprescrição, que é a prática incorreta de comprar e utilizar remédios tarjados sem receita ou prescrição de um médico. Por isso, definimos a utilização responsável dos MIPs como sendo uma prática de autocuidado que está alinhada com a classificação da OMS [Organização Mundial da Saúde].
Segundo a organização, o autocuidado é a forma como a população estabelece e mantém a própria saúde, envolvendo questões fundamentais como a higiene pessoal, a nutrição, estilo de vida, fatores ambientais e socioeconômicos.
Para o professor de educação física Marcio Atalla, com o passar do tempo, o corpo humano começou a se adaptar ao estilo de vida das pessoas, que estão se exercitando cada vez menos.
— Por isso, muita gente pergunta se as pessoas eram mais dispostas. Na verdade, não. Antigamente, os ambientes forçavam a movimentação. As pessoas tinham hábitos naturais de fazer exercícios e o movimento estava incorporado na vida das pessoas. Ninguém precisava de academia. A gente tinha que levantar do sofá para trocar o canal da televisão e hoje nós vamos de carro para o supermercado.
Qual a melhor estratégia?
Para que esses hábitos mudem, Atalla explica que nada deve ser feito da noite para o dia. Especializado em treinamento de alto rendimento para atletas, o professor recomenda exercícios que as pessoas podem incorporar nas suas vidas. Ele cita coisas simples como a troca de elevadores por escadas fixas e caminhadas como bons primeiros passos para deixar de ser sedentário.
— É uma alteração que você faz aos poucos no cotidiano, invertendo a lógica de pouco movimento e muito alimento. Junto com uma alimentação rica em fibras, que dão mais sensação de saciedade, e um período de seis a sete horas de sono são dicas básicas para mudar o estilo de vida.
Entre abril e dezembro do ano passado, Atalla realizou o projeto Vida de Saúde em Jaguariúna, no interior de São Paulo. Somente com essas dicas de exercícios, oficinas de nutrição, orientações clínicas e treinamento de agentes de saúde, ele conseguiu mudar a vida de quase 40% da população da cidade. Dos 9.000 participantes, 74% das pessoas registraram a adoção de uma rotina alimentar mais saudável e a prática de atividades físicas.
Uma pesquisa realizada com base em dados do Vigitel, o sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, e informações coletadas do público antes e depois do projeto mostraram resultados satisfatórios. No grupo de obesos, as pessoas perderam, em média, 1,5 kg enquanto os participantes em sobrepeso perderam meio quilo.
R7