A extensa orla marítima é um dos principais atrativos da capital baiana para o turismo, principalmente neste período em que se aproxima o verão. Quem vier a Salvador nos próximos meses, além de poder desfrutar das belezas naturais da faixa atlântica e da Baía de Todos-os-Santos, vai encontrar uma orla completamente requalificada pela Prefeitura, com espaços planejados para a contemplação, para o encontro, lazer e a prática esportiva.
As obras fazem parte do maior projeto de requalificação da orla que a cidade já teve e que se destaca também por ser um dos maiores do país. Ao todo, 31 trechos já foram requalificados e três estão com intervenções em andamento, com um investimento de mais de R$530 milhões. A presidente da Fundação Mário Leal Ferreira, Tânia Scofield, lembra como a orla foi encontrada em 2013 e destaca a importância desse projeto tanto para a população como para os visitantes.
“A orla foi encontrada abandonada em 2013. Os poucos equipamentos existentes estavam quebrados e sem condições de uso, passeios degradados e estreitos, o que impedia as caminhadas, sem iluminação e sem acessibilidade, enfim, em total estado de degradação e abandono. Hoje, Salvador tem uma orla dotada de toda infraestrutura de qualidade, com ciclovias, calçadas largas para caminhada, quadras de esporte, quiosques, academias, parques infantis, iluminação em LED e acessibilidade, entre outros equipamentos importantes”, conta.
Ela ressalta que, apesar de ser uma extensa área de orla – são cerca de 64 km de extensão –, há, notadamente, características diferentes por trechos, o que impõe projetos específicos. “Essas características não são apenas físicas, o que impõe projetos específicos, mas, sobretudo, são identidades próprias, sejam elas culturais, históricas, sociais e ambientais. Além disso, as orlas têm usos diferenciados. Só como exemplo, podemos comparar a orla da Barra com a do Rio Vermelho. São diferentes em diversos aspectos, impondo, portanto, projetos diferentes”.
Alguns dos 31 trechos já recuperados em Salvador foram: São Tomé de Paripe, Tubarão, Rua Almeida Brandão (Itacaranha), Ribeira, Barra, Ondina, Rio Vermelho, Boca do Rio, Jardim de Alah, Piatã, Itapuã, Farol de Itapuã, Praça Wilson Lins (Pituba), Ponta do Humaitá, Amaralina I, Prainha do Lobato, Amaralina/Pituba, Boa Viagem, Farol de Itapuã III, Stella Maris, Farol de Itapuã IV e Praia do Flamengo. Seguem em andamento a Gamboa, Pituaçu e o Porto da Lenha.
Benefícios – As mudanças têm beneficiado moradores e comerciantes e proporcionado um aumento do número de pessoas que frequentam a faixa litorânea, impulsionando o crescimento dos empregos formais e informais no local. O estudante Danilo Paixão, de 24 anos, mora em Itapuã e tem feito atividades físicas diariamente na orla após a reforma. “Com a requalificação, dá gosto vir aqui. É um ambiente muito mais agradável de estar e seguro, além das novas áreas que estão sempre cheias de gente. A Prefeitura, sem dúvidas, acertou em valorizar a orla, que é um cartão postal para quem nos visita e é uma opção de lazer a mais para quem vive aqui”.
Também moradora de Itapuã, a assistente social Eneida Pires, 47, faz um comparativo entre o antes e depois da região. “Antes era difícil encontrar espaços bem conservados, principalmente após o Parque dos Ventos, mas hoje a estrutura está ficando ótima, inclusive para a prática de atividades ao ar livre e para o lazer. Aqui, em Pituaçu, por exemplo, era uma região que eu não ultrapassava nas minhas caminhadas, mas está virando uma opção graças a essa requalificação”.
“Sem dúvidas, com a requalificação, as vendas devem melhorar. Com tantas opções de lazer e mais pessoas fazendo atividades físicas diariamente, elas tendem a melhorar e muito com mais procura”, prevê o vendedor de picolé, João Assis, de 54 anos, em relação ao trecho de Pituaçu, que segue em obras.
Turismo – De acordo com Iuri Mattos, diretor do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur-Salvador), a requalificação é essencial para consolidar a cidade como um dos principais destinos de turismo de sol e praia no Brasil. “Especialmente com a proximidade do verão, quando a demanda por essas áreas é ainda maior. As intervenções recentes em praticamente todos os trechos de orla não apenas revitalizam o espaço urbano e valorizam o ambiente natural, como promovem um turismo mais organizado e sustentável”.
Ele acrescenta que os investimentos geram um impacto positivo na economia local, com a criação de novos postos de trabalho e oportunidades de negócio para pequenos empreendedores, além de atrair um perfil de turista que valoriza qualidade e infraestrutura. “Assim, a requalificação não só fortalece o potencial turístico de Salvador, como contribui para o desenvolvimento econômico e social”.
Segurança, Esporte e lazer – Um dos aspectos que melhorou foi a sensação de segurança dos trechos de orla, graças aos ganhos com a iluminação em LED e à devolução dos espaços públicos ao cidadão, com a construção de praças, ciclovias e de outras áreas esportivas. A orla de Stella Maris, por exemplo, ganhou a maior pista olímpica de skate do Norte e Nordeste na modalidade park, uma característica de uso que já havia no trecho e que foi aproveitada e ampliada pela FMLF. Desde então, o local tem sido o ponto de encontro dos skatistas e tem estimulado o surgimento de novos praticantes.
Em toda a orla, há também um cuidado com a infraestrutura das calçadas para a caminhada e também com a implantação de ciclovias e de ciclofaixas. A transformação tem sido notada por Ana Patrícia Viana, 56, moradora de Pituaçu. “Agora, a gente pode caminhar e aproveitar a orla com muito mais tranquilidade. Tudo melhorou, inclusive a sensação de segurança aumentou. Tenho certeza que, com a conclusão das obras no trecho de Pituaçu, vai melhorar ainda mais”.
Em andamento – Com previsão de entrega para o próximo mês, as obras de reestruturação do trecho de Pituaçu seguem com 95% de conclusão. O trecho que será entregue inicia na Boca do Rio e vai até a 3ª ponte (Jaguaribe). Já o trecho de Jaguaribe, que inicia na 3ª ponte e vai até o Serviço Social do Comércio (Sesc), está com 40% das obras concluídas. O projeto todo abrange uma área de 160 mil metros quadrados e uma extensão de 3 quilômetros, com início na Boca do Rio, na altura da ponte do antigo Clube do Bahia, até Patamares, nas imediações da Avenida Pinto de Aguiar.
Nas proximidades do Food Park, na Boca do Rio, já foram concluídas a recuperação de estacionamentos públicos, da pavimentação em concreto e de pedra portuguesa, assim como dos passeios, ciclovia, das quadras poliesportivas e dos campos de futebol – um deles com grama sintética. O mesmo trecho já conta também com reforço no paisagismo após a finalização de plantio de gramado e mudas de restinga.
Entre os equipamentos urbanos a serem implantados para a região estão 25 quiosques, sendo 13 unidades para utilização como bares e restaurantes, seis para venda de coco verde e seis para baianas de acarajé. Parte dessas estruturas já foi erguida. Além disso, o projeto contempla a construção de unidades de academias ao ar livre, parques infantis, novas quadras de beach tênis, clube do surfe e uma contenção em alvenaria de pedra.