O respirador de baixo custo criado pela USP (Universidade de São Paulo), que promete ser uma das importantes ferramentas no tratamento de pacientes que se contaminem pela covid-19 no país, ainda passará por novos testes laboratoriais antes de ser submetido à Anvisa (Agência Nacional de Viligância Sanitária). A agência reguladora é a responsável por aprovar remédios e equipamentos para uso médico no país.
Segundo a Anvisa, ainda não foi feito o protocolo formal do processo de registro do Inspire – nome dado ao aparelho. A agência afirma que manteve duas reuniões com os pesquisadores da USP e que, em uma delas, foi informada de que foi necessária a troca de uma placa eletrônica no equipamento. Dessa forma, serão realizados novos testes.
A Anvisa afirma que a análise do equipamento será tratada como prioritária e que não há outros itens na mesma fila de produtos ligados ao combate à covid-19. A expectativa dentro da agência é que a análise leve cerca de 20 dias.
Segundo a Poli, o equipamento poderá ser produzido em duas horas com tecnologia nacional, ao custo estimado de R$ 1 mil por aparelho, valor abaixo dos R$ 15 mil em média dos equipamentos semelhantes no mercado antes da pandemia, segundo a universidade. E muito inferior ao que governos estão pagando para importar aparelhos da China, uma das principais produtoras de produtos na área médica.
O governo de São Paulo, por exemplo, adquiriu três mil respiradores a um custo total de R$ 550 milhões, sendo o preço de cada um deles aproximadamente R$ 180 mil. A gestão João Doria afirmou que cumpriu todos os trâmites legais, que a empresa contratada seria a que se comprometeu a entregar os equipamentos com rapidez e que eles são cruciais para salvar vidas. A discrepância em relação aos valores do produto da USP fizeram o Ministério Público de São Paulo enviar ofícios ao governo paulista questionando o motivo da não utilização da tecnologia desenvolvida pela universidade. Além disso, o Tribunal de Contas do Estado abriu uma investigação sobre a compra.
Produção em escala
Os novos testes serão mais uma etapa do desenvolvimento do Inspire. Em abril, o projeto foi aprovado após testes com quatro pacientes do Incor (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O respirador foi considerado aprovado em todos os modos de uso e não houve nenhum problema com os pacientes ventilados.
O ventilador pulmonar é criado por meio de parceria da USP com outras instituições. A universidade, juntamente com o CTMSP (Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo) pretende iniciar a produção em escala do aparelho.
Segundo divulgação feita pela USP no dia 8 de maio, a previsão era que, em duas semanas, os primeiros aparelhos pudessem já ser distribuídos. A estimativa, no entanto, poderá ter que ser revista, uma vez que a equipamento ainda dependerá da tramitação de um processo interno na Anvisa, sem data para começar.
A Marinha estima que tenha capacidade de produzir entre 25 e 50 ventiladores pulmonares por dia.
O projeto conta também com o apoio do Instituto Federal de São Paulo e de empresas de setores como o de alumínio e acrílico.
R7