As cerca de 3,4 mil toneladas de óleo armazenadas no tanque do navio encalhado a cerca de 100 quilômetros da costa brasileira, no canal da Baía de São Marcos, no Maranhão, devem começar a ser retiradas da embarcação entre os dias 8 e 10 deste mês.
A previsão é do gabinete de crise criado pela Marinha para discutir as medidas necessárias para evitar um desastre ambiental. Além da grande quantidade de óleo necessária para abastecer o MV Stella Banner durante a viagem entre o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís, e a China, o navio carrega cerca de 275 mil toneladas de minério de ferro pertencentes à mineradora brasileira Vale.
De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o início da transferência de todo o óleo que está no navio depende da aprovação do plano discutido no gabinete de crise. “Já há uma data mais ou menos prevista para o eventual início do processo de retirada do óleo”, disse Salles, em entrevista a jornalistas, em São Luís, logo após sobrevoar o Stella Banner a bordo de um helicóptero Super-Cougar da Marinha, na manhã desta quarta-feira (4).
“O plano [de retirada do óleo] deve ser apresentado e, provavelmente, executado entre os dias 8 e 10 de março, seguindo a um planejamento técnico e com toda a cautela necessária ao transbordo deste combustível [para outra embarcação]”, acrescentou o ministro.
Segundo Salles, a melhor forma de transferir parte do minério de ferro para outro navio ainda está sendo estudada, mas a expectativa é que, qualquer que seja o caso, baste retirar parte do material para que o navio, mais leve, volte a flutuar, podendo ser puxado sem maiores riscos.
“A princípio, bastará retirarmos [todo o óleo] e uma parte do minério para que o navio recupere a capacidade de flutuação e possa ser retirado [do banco de areia]”, disse o ministro, enfatizando que o navio se encontra estável e que o óleo que os tripulantes de uma aeronave equipada com sensores especiais avistaram na última sexta-feira ao redor do Stella Banner se “dispersou”.
“Já não há óleo no mar”, disse o ministro ao ser questionado sobre os cerca de 333 litros de material poluente que, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), espalhou-se pelo local do incidente entre a quinta-feira (27) e a sexta-feira (28), atingindo uma área de 0,79 quilômetros quadrados (km² ) ao redor do navio.
Segundo o ministro, esse óleo se dissipou no mar, e não houve nova detecção do combustível. “Agora, o monitoramento está sendo feito para verificar se não surge nova incidência de óleo – o que, até agora, não ocorreu. De qualquer forma, preventivamente, há lá, permanentemente, boias [de contenção especiais]. E também navios do tipo OSRV [do inglês Embarcação de Recuperação de Derramamento de Óleo, cedidos pela Petrobras].”
Em nota do último dia 29, a empresa sul-coreana Polaris Shipping afirmou que o óleo encontrado na véspera estava, provavelmente, espalhado pelo convés e no maquinário, tendo emergido após entrar em contato com a água do mar. Desde as primeiras análises da situação, a empresa vem garantindo que o tanque de combustível está preservado, não tendo ocorrido vazamentos de óleo – informação confirmada pelo Ibama.
De acordo com o Ibama, foi o próprio comandante do Stella Banner quem manobrou para encalhá-lo, de propósito, em um banco de areia de uma área de menor profundidade do canal da Baía de São Marcos. A manobra serviu para evitar que a embarcação naufragasse ou ficasse à deriva depois que o comandante constatou que a água do mar estava entrando no navio por uma fissura na proa. O incidente ocorreu no último dia 26, dois dias após a embarcação ter deixado o Terminal Marítimo Ponta da Madeira. Os 20 tripulantes do navio foram resgatados em segurança.
Construído em 2016, o Stella Banner tem 340 metros de comprimento por 55 metros de largura. E é o segundo navio da Polaris Shipping a apresentar problemas após deixar o Brasil carregando minério. Em março de 2017, o Stellar Daisy naufragou após a tripulação comunicar que havia água entrando na embarcação, que estava adernando a cerca de 2.400 quilômetros da costa do Uruguai. Dias depois do pedido de ajuda, dois tripulantes foram resgatados, mas 22 trabalhadores que estavam a bordo do navio jamais foram encontrados.
Em notas, a Vale informa que está disponibilizando o suporte técnico-operacional necessário e colaborando com as autoridades marítimas. Diz ainda que o fato de o navio estar encalhado a cerca de 100 quilômetros da costa da capital maranhense, não afetou as operações no terminal marítimo Ponta da Madeira.
Agência Brasil