No final de 2024, Ronaldo Nazário, ex-jogador e agora empresário, revelou que iria se candidatar à presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Em um cenário onde Ronaldo possa ser eleito, o mesmo enfrentará desafios relacionados aos seus múltiplos negócios no futebol, que podem gerar potenciais conflitos de interesse com a entidade.
Para entender melhor, é válido lembrar que após sua aposentadoria, em 2011, Ronaldo construiu um império empresarial voltado ao futebol. Confira abaixo:
ODZZ Network: Agência que engloba a Octagon Latam (gestão de carreiras), Wayz Travel (viagens corporativas) e Beyond Films (produção audiovisual); a Octagon Latam tem como clientes atletas como Rodrygo (Real Madrid) e Tamires (Corinthians). A agência organizou eventos como finais da Libertadores em parceria com a Conmebol, da qual a CBF é filiada;
R9 Family Office Assessoria: Empresa de gestão financeira, que fundou o Galaticos Capital em parceria com a Galapagos Capital. O fundo gerido pela Galapagos foi usado para pagar dívidas do São Paulo FC.
Ronaldo Academy: Rede de escolinhas de futebol em sociedade com Carlos Wizard.
Tara Sports Brasil: Controlava a SAF do Cruzeiro até abril de 2024, quando Ronaldo vendeu sua participação ao empresário Pedro Lourenço. Ele ainda possui garantias financeiras vinculadas às ações do clube.
Ronaldo é embaixador de grandes marcas como Nike, Itaú e Betfair. As duas primeiras são patrocinadoras da Seleção Brasileira, o que cria mais uma condição de conflito de interesse em negociações caso Ronaldo assuma a CBF.
No caso específico da Betfair, o conflito é ampliado pela relação direta com a Betano, patrocinadora da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro.
O artigo 11º do código de ética da CBF proíbe dirigentes de atuarem em situações de conflito de interesse com negócios pessoais. O artigo 13º exemplifica situações como a posse de direitos sobre clubes, atletas ou empresas que possam se valorizar em decorrência de decisões da entidade.
No passado, Ronaldo enfrentou controvérsias no Comitê Organizador Local da Copa 2014. Sua empresa de publicidade, Nine, recebeu comissão ao intermediar um contrato de R$ 8 milhões para fornecimento de assentos na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, apesar de alegar inicialmente que não participava do negócio. O caso levanta questões sobre a transparência e governança de Ronaldo no comando da CBF, enquanto torcedores e stakeholders aguardam seus próximos passos