As mudanças do cadastro positivo, que devem entrar em vigor daqui a quatro meses, têm o objetivo de formar um banco de dados para “reconhecer” os consumidores que são bons pagadores.
Ou seja, aqueles que costumam pagar suas dívidas em dia e não estão inadimplentes. Isso permite que as instituições tenham um perfil mais detalhado do comportamento e histórico do pagador.
O cadastro existe desde 2011 e entrou em vigor dois anos depois. No entanto, a iniciativa teve pouca adesão em seu início. Agora, com o novo projeto sancionado em abril, os bancos e outras instituições financeiras podem incluir o nome de consumidores nessa lista sem a necessidade de autorização prévia. Mas, vale lembrar, se o consumidor não quiser permanecer no cadastro, ele pode pedir para sair.
Gustavo Marquini, CEO da Foregon, fintech especializada em crédito, comenta que optar por tirar o nome do cadastro positivo não é necessariamente ruim, mas também não é bom. “A instituição financeira vai ter que olhar para essa pessoa usando uma lupa um pouco maior, para tentar entender quem é essa pessoa. Mas também não é uma coisa boa aos olhos de bancos e outras instituições. O que acontece é que serão procuradas outras fontes de informação para tentar avaliar o comportamento financeiro daquela pessoa.”
Como ter um bom score
Para Marquini, é importante ressaltar que o primeiro passo para ter uma boa pontuação no cadastro positivo é ter o nome limpo. “É a primeira verificação que as instituições de crédito realizam para entender se um consumidor é um bom pagador”, diz. Segundo ele, apesar de parecer óbvio, pagar as contas em dia é essencial, pois “caso o consumidor tenha um histórico de atraso”, o acesso aos produtos financeiros “fica mais difícil”.
Ele conta que é importante também ter contas em seus nomes, porque “um banco precisa conhecer seus hábitos”. Ele explica que sem contas bancárias e boletos simples, como telefone, água e luz, as instituições não conseguem gerar o score, o que dificulta o acesso aos produtos.
Segundo o CEO, o consumidor tem que ficar atento com a frequência que realiza pedidos de crédito. Solicitar diversos cartões de crédito, empréstimos ou aumento de limite ao mesmo tempo “pode derrubar o score”. Isso porque os sistemas bancários “entendem que pode se tratar de ação fraudulenta, e a nota é baixada para que o produto não seja liberado”.
Além disso, ele ressalta que quando o requerimento de um produto financeiro é recusado, o score pode baixar também. “Porque as instituições entendem que ele tentou acesso e foi recusado. Então eles se perguntam ‘por quê? ’, levanta uma anteninha no banco”, explica.
Nome sujo
Uma grande preocupação é justamente para aqueles que no momento atual estão inadimplentes. Ou seja, que não conseguiram pagar uma determinada dívida e agora têm seus nomes em empresas como Serasa e SPC.
Marquini conta que, com o cadastro positivo, mesmo se a pessoa tiver o nome sujo, ela ainda pode ser considerada uma boa consumidora, porque se trabalha com o histórico de pagamento, diferente do cadastro negativo, que sinaliza se a pessoa não honrou um compromisso específico.
“As pessoas passam por problemas financeiros em algum momento determinado da vida e isso é normal que aconteça. Por exemplo, uma pessoa que não conseguiu pagar o financiamento de um veículo e está devendo R$ 5 mil. Mas todas as suas outras contas são pagas em dia. Ela é uma boa consumidora, uma boa pagadora. O que aconteceu foi um imprevisto na vida, mas no histórico de pagamento ela é uma boa consumidora”, explica.
As mudanças no cadastro positivo começam a valer a partir do mês de outubro, seis meses após o presidente da república, Jair Bolsonaro, ter sancionado o projeto de lei, em 8 de abril deste ano.
R7