A copeira Maria do Carmo Sousa, de 57 anos, passou o Réveillon preocupada. Na sexta-feira (29), ao chegar em casa, ela percebeu que a mochila que estava nas costas estava aberta e tinham levado sua carteira com RG, CPF, conta de luz, título de eleitor e cartão do SUS (Sistema Único de Saúde).
“Parece que juntei tudo só para ser roubada”, diz. “Não levaram cartão do banco nem dinheiro porque esses eu coloquei na bolsa virada pra frente”, diz.
Agora Maria Sousa não sabe o que fazer. “Será que vão usar meus documentos para comprar alguma coisa, dar um golpe?”, pergunta.
Ela tem razão em se preocupar. Segundo levantamento da Serasa Experian, de janeiro a outubro de 2017, houve 1,656 milhão de tentativas de golpes, uma a cada 15 segundos. Quem teve documentos roubados tem duas vezes mais chance de ser alvo dos bandidos.
Celular é alvo preferido
O setor de telefonia é o alvo preferido dos criminosos, que usam os dados dos consumidores para comprar aparelhos e criar contas de celulares. Se a fraude for bem-sucedida, funciona como uma porta de entrada para aplicar golpes de maior valor como abrir conta em banco, pedir cartões de crédito ou fazer empréstimos bancários em nome das pessoas.
“A dona Maria deveria ter feito um boletim de ocorrência imediatamente, assim que percebeu que foi furtada”, afirma Marco Antônio Araújo Júnior, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB-SP.
“Teoricamente, a partir do momento em que ela faz o boletim de ocorrência, o uso que fizerem de seus documentos será ação do criminoso, caso contrário, ela não terá como provar que foi vítima da ação de terceiros”, diz.
Mesmo que não faça no mesmo dia, não pode deixar de fazer o boletim.
A recomendação do economista-chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi, é para comunicar imediatamente a perda aos órgãos de proteção do crédito. “Se ela faz o registro no site e criminoso tentar comprar algo, aparece um aviso na tela e a loja não autoriza o cadastro”, afirma. “A partir daí, ela deve andar sempre com a cópia do boletim de ocorrência na mão para provar que ela é a vítima”, diz.
Veja o passo a passo do que fazer:
1) Avise o banco
Se perdeu cartão de crédito, cartão de débito ou talão de cheque, avise imediatamente ao banco. Sempre anote o número do protocolo, que é a prova de que avisou ao banco. Quando estiver com o boletim de ocorrência na mão, leve uma cópia até a agência, para que não paguem nenhum cheque.
2) Avise os órgãos de proteção do crédito
Se perdeu documentos, como a dona Maria, ou cartões e cheques, avise também os órgãos de proteção ao crédito: Serasa, Boa Vista SCPC e o SPC Brasil. É importante avisar todos eles, pois os clientes destas empresas (bancos e lojas, por exemplo) podem ser diferentes.
• Na Serasa, é possível fazer um aviso provisório pela internet que tem validade de 30 dias úteis para documentos e 3 dias úteis para cheques. Para que o alerta seja permanente, é preciso preencher uma declaração.
• NA Boa Vista SCPC, também é possível fazer o comunicado pela internet.
• Para avisar o SPC Brasil é preciso comparecer pessoalmente até um balcão de atendimento com o boletim de ocorrência. Para saber qual é o posto mais próximo.
3) Faça um boletim de ocorrência
Vá até uma delegacia para informar se foi vítima de extravio (perda), furto (o criminoso levou os documentos sem que violência, como no caso da dona Maria) ou roubo (bandido foi violento e usou arma ou força física para levar os documentos). Em alguns Estados, como São Paulo, é possível fazer o boletim online.
4) Tire a segunda via dos documentos
Programe-se para fazer a segunda via dos documentos.
Veja as orientações para tirar o RG, titulo de eleitor, cartão do SUS e CPF.
Ligue no banco para pedir a segunda via dos cartões e um novo talão de cheques.
R7