O saldo dos empréstimos ofertados pelos bancos está menor. Em janeiro, o estoque dos empréstimos chegou a R$ 3,232 trilhões, com redução de 0,9% comparado a dezembro. Os dados foram divulgados hoje (27) pelo Banco Central (BC).
Os créditos concedidos às empresas chegaram ao saldo de R$ 1,425 trilhão em janeiro, com redução de 2,7% em relação a dezembro. No caso das pessoas físicas, o estoque chegou a R$ 1,806 trilhão, com aumento de 0,6%.
“Essa redução, muito embora não se possa descartar um pequeno arrefecimento do crédito em janeiro, tem influência bastante significativa de fatores sazonais”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
Segundo Rocha, em dezembro, há maior quantidade de dinheiro na economia devido ao pagamento do 13º salário e as pessoas usam menos o cheque especial. Em janeiro, há volta ao cheque especial.
No caso das empresas, há maior procura por crédito de curto prazo como desconto de duplicatas e antecipação de cartão, no último mês do ano. “Em dezembro, as empresas tomam mais crédito por necessidade maior de caixa para pagar dois salários e ter giro maior. Em janeiro, essa necessidade se reduz”, explicou.
De acordo com Rocha, esses efeitos, portanto, levam à redução do saldo do crédito no início do ano. Essas características sazonais também influenciam as taxas de juros. “Em dezembro, há redução nas taxas de juros mais caras como é o caso do cheque especial e aumento nas taxas mais baratas. Esse fenômeno se reverte em janeiro”, disse.
Rocha acrescentou que em dezembro e em janeiro houve “aumento pontual” dos juros do cheque especial por um banco. Além disso, em janeiro, com o crescimento das concessões do cheque especial, aumenta o peso dessa modalidade no crédito total, elevando a taxa média.
Em janeiro, a taxa média de juros para as famílias subiu 2,5 pontos percentuais para 51,4% ao ano. A taxa de juros do cheque especial subiu 3 pontos percentuais em janeiro em relação a dezembro, ao chegar em 315,6% ao ano. A taxa do rotativo do cartão de crédito subiu 1,5 ponto percentual em relação a dezembro, chegando a 286,9% ao ano, no mês passado.
Outra alteração de dezembro para janeiro está relacionada à oferta de crédito pessoal por bancos públicos estaduais a servidores públicos com salários atrasados. A taxa dessa modalidade é similar à do crédito consignado, portanto, mais baixa, e a maior demanda ocorre em dezembro, com redução da oferta em janeiro. “A taxa de juros dessa modalidade desce e em janeiro e ela sobe e volta ao normal”.
No caso das empresas, houve influência da Taxa de Longo Prazo (TLP), criada no final de 2017 para substituir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). A nova vai taxa está subindo de forma gradual a cada ano para ficar mais próxima dos juros de mercado.
Agência Brasil