Salvador já tem instituída uma data para debater as ações de enfrentamento ao contágio dos vírus HTLV-I e HTLV-II (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas). O 28 de setembro marcará, na cidade, a passagem do Dia Municipal de Prevenção e Combate aos vírus. A data, criada através da iniciativa do vereador Sílvio Humberto (PSB), foi oficializada por meio da Lei nº 9.221/2017, sancionada pelo prefeito ACM Neto e publicada no Diário Oficial do Município, na última quinta-feira (04/05).
O Projeto de Lei que propôs a criação da data foi apresentado pelo vereador, na Câmara Municipal, no mês de fevereiro deste ano, logo após ter sido procurado por lideranças do Grupo de Apoio aos Portadores do Vírus HTLV do Estado da Bahia (HTLVida). O grupo explicou as dificuldades enfrentadas para prevenção e tratamento da doença, em virtude da invisibilidade do problema. “O nosso espanto foi que, a despeito da gravidade, pouco se pauta na mídia sobre o assunto. E até mesmo o Poder Público negligencia no seu papel de informar a população e prevenir as doenças”, salientou Sílvio.
O Reclame do HTLVida motivou a elaboração do PL 100/2017, com o objetivo de dar visibilidade à causa e cobrar do Poder Público a criação de políticas eficientes, voltadas para os portadores do vírus e para o esclarecimento da população sobre o HTLV e as suas formas de contágio e prevenção. “Além dessa proposição, nos disponibilizamos a apoiar as iniciativas do grupo na luta contra a invisibilidade social da doença”, pontuou o vereador.
Doença silenciosa
Os vírus HTLV-I e HTLV-II são retrovírus da mesma família do HIV, e infectam a célula T humana, um tipo de linfócito importante para o sistema de defesa do organismo. O referido vírus foi isolado, na década de 80, no portador de um tipo raro de leucemia e representa um problema de saúde pública, infectando, de acordo com informações do VIII Simpósio Internacional Sobre HTLV no Brasil, entre 15 e 20 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 2,5 milhões no Brasil. O HTLV encontra-se presente em todas as regiões brasileiras, mas com maior prevalência no estado da Bahia.
Apenas 5% das pessoas infectadas pelo HTLV desenvolvem problemas de saúde relacionados com o vírus, sendo que nesses casos, instalam-se quadros neurológicos degenerativos graves e de leucemias e linfomas. A infecção pode ocorrer sem a apresentação de sintomas, razão que impõe a criação de políticas públicas que informem à população acerca da enfermidade.