Em meio à epidemia de febre amarela, Ministério da Saúde, autoridades sanitárias e infectologistas divergem sobre a melhor estratégia para se vacinar contra a febre amarela. Integrantes do ministério recomendam que a população adulta receba duas doses do imunizante, com intervalo de 10 anos entre as aplicações. A recomendação da Organização Mundial da Saúde para que apenas uma dose seja aplicada tem como ponto de partida a revisão de vários estudos realizados sobre a eficácia do imunizante. O relatório da entidade indica que, desde que a vacinação contra a doença teve início, nos anos 1930, foram identificados apenas 12 casos da doença entre pacientes imunizados, o que indicaria a falha do produto. E mesmo nesses episódios, a infecção ocorreu em um período de até 5 anos pós vacinação. “Os dados demonstram que a imunidade não cai com o tempo”, afirma o relatório da OMS. Técnicos do Ministério da Saúde, por sua vez, afirmam que a indicação de uma dose da vacina e de um reforço tem como objetivo evitar um eventual risco de os efeitos da vacina se reduzirem ao longo do tempo. Não haveria, de acordo com a equipe, ainda estudos suficientes para comprovar a proteção com apenas uma dose. O professor da Universidade de Brasília, Pedro Tauil, tem avaliação diferente. Para ele, o reforço sugerido pelo Ministério da Saúde é uma garantia bem-vinda. “O ideal é que estudos antes sejam realizados no País mostrando que com apenas uma dose a população está segura”. A recomendação da OMS para que apenas uma aplicação da dose de febre amarela seja dada começou a valer em junho de 2016. Infectologistas e autoridades sanitárias são unânimes em afirmar que pessoas que tomaram a vacina há menos de 10 anos não precisam tomar outra dose no momento. “Ela tem efeito protetor. De nada adianta tentar desrespeitar esse prazo”.
Bahia Notícias