A pesquisa “As Preocupações do Eleitor Brasileiro”, encomendada pela RecordTV e divulgada nesta segunda-feira (23), aponta que os principais medos da população para os próximos quatro anos são perder um ente querido de maneira violenta e sofrer algum tipo de violência pessoal, como um assalto. A pesquisa foi realizada pelo instituto Real Time Big Data.
Quando perguntados como avaliam a preocupação de sofrer uma violência pessoal, apenas 3% dos entrevistados afirmam não estar nada preocupados. A maior parte (85%) se diz muito preocupado, 10% afirmam estar razoavelmente preocupados e 2%, pouco preocupados.
O coordenador da pesquisa Bruno Soller afirma que os dados mostram um eleitor “insatisfeito e incrédulo com quase tudo”. “Revela que o brasileiro está bastante preocupado. O que a gente entende que mais acaba assustando o brasileiro é a questão da segurança pública”, afirma.
Segundo ele, “o brasileiro está incredulo, porque não consegue ver um horizonte de melhora a curto prazo. Está bastante assustado, porque ainda não conseguiu encontrar um caminho”.
Outro dado que se mostra uma grande preocupação é a perda de um ente querido de maneira violenta — o medo é muito presente em 87% dos entrevistados. Apenas 2% afirmam não estar nada preocupados com o cenário.
O cenário político-econômico brasileiro também desperta preocupações e inseguranças no eleitorado. A corrupção, por exemplo, é um tema frequente nos noticiários, com a atuação da operação Lava Jato, da PF (Polícia Federal) e do MPF (Ministério Público Federal). Depois da violência, a corrupção aparece como o tema que mais preocupa os brasileiros — 78% dos entrevistados apontam estar muito preocupados com o aumento da prática no país.
Apenas 6% afirmam estar despreocupados com o avanço da corrupção. Soller diz que essa é uma das maiores preocupações, porque o assunto está presente todos os dias no noticiário. “A pessoa convive com isso, ela não consegue ver um horizonte bom”, comenta.
A quantidade de pessoas que temem um novo impeachment e as que não se preocupam muito com o assunto é equilibrada. Do total, 33% estão muito preocupados com a possibilidade nos próximos quatro anos, 17% se consideram razoavelmente preocupados, 20% pouco preocupados e 30% nada preocupados.
Em ano eleitoral, as urnas eletrônicas também foram um tema analisado pela pesquisa. O voto na urna aflige 40% dos entrevistados 18% estão razoavelmente preocupados. Os que não veem problemas no sistema somam 42%, sendo que 10% se dizem pouco preocupados e 32% confiam plenamente no voto eletrônico.
O desemprego é um problema presente na vida de 13,2 milhões de brasileiros, segundo os dados de junho divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa aponta que 49% afirmam estar muito preocupados com o avanço do desemprego, 15% estão razoavelmente preocupados, 18% pouco e 18% não se importam.
Para Soller, os dados sobre o desemprego foram surpreendentes. “O desemprego, por incrível que pareça, não foi o índice tão alto quanto a gente esperava. A maioria ainda se preocupa, mas a questão da segurança parece insolúvel no Brasil”, diz.
Nos anos 1970, era comum o brasileiro encontrar os preços dos produtos em mercados muito mais caros do que no dia anterior, por causa da inflação descontrolada no país. Hoje, embora o índice esteja sob controle e não apresente picos de hiperinflação, o brasileiro ainda teme a alta generalizada dos preços: 66% dos entrevistados se preocupam muito com o aumento. Outros 18% se preocupam de maneira mais moderada, enquanto 7% se preocupam pouco e 9% não estão nada preocupados.
Diversos brasileiros enfrentam filas na saúde pública para conseguirem marcar exames e passar em exames. Devido a esta realidade, 70% dos entrevistados temem que a situação fique ainda pior nos próximos anos. Outros 15% se preocupam com o assunto de forma mais leve, enquanto 5% estão pouco preocupados e 10% nada preocupados com o aumento.
Quando o assunto são greves, quase metade dos entrevistados (47%) teme que mais paralisações interfiram no dia a dia, como aconteceu com os protestos de caminhoneiros.
Essa paralisação, que aconteceu no final de maio deste ano, trouxe efeitos para o abastecimento de alimentos e combustíveis em todo o país. Apenas 14% se dizem pouco preocupados com a realização de novas movimentações como essa.
A pesquisa foi realizada nos dias 20 e 21 de julho deste ano por telefone. Foram ouvidos 2.000 entrevistados e a pesquisa possui 3% de margem de erro.
Soller explica que a pesquisa utiliza o real check, sistema de rechecagem de dados. “O real check é uma checagem para ver se o perfil das pessoas entrevistadas bate com o que elas estão dizendo [na pesquisa]. A gente faz uma verificação nas redes sociais se elas se comportam como elas estão dizendo na pesquisa”, explica.
Embora o sistema não seja estatisticamente comprovado, Soller reforça que é mais uma verificação além da tradicionalmente feita em todas as pesquisas. Os entrevistados são escolhidos com base no censo demográfico brasileiro, considerando o sexo, idade e localização dos brasileiros.
R7