Atualmente a maioria dos carros emplacados no Brasil é flex. Há dez anos, a frota bicombustível já ultrapassava os seis milhões de automóveis, 46% do total, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Ainda assim, 15 anos depois do primeiro veículo flex ser produzido no país, a tecnologia gera dúvidas.
Separamos algumas informações para que os motoristas consigam utilizar os motores flex da melhor maneira possível.
1. Não há problema em usar apenas etanol – ou gasolina – durante toda a vida útil do motor
O motor flex foi feito para queimar tanto a gasolina quanto o etanol. No escapamento, um componente chamado sonda lambda reconhece qual é o combustível utilizado e informa a central eletrônica do modelo, que ajusta o motor para que ele desenvolva o desempenho ideal para o combustível ou a mistura presente no tanque.
2. O carro flex consegue funcionar com qualquer proporção de etanol e gasolina
A dúvida pode até parecer óbvia para os entusiastas, mas até mesmo algumas concessionárias criam restrições sem o menor cabimento quando o assunto é a mistura de combustível nos tanques flex. Não importa se o motorista colocou 10% de etanol e logo depois completou o tanque com gasolina. A sonda lambda é capaz de captar a diferença de oxigênio dos dois combustíveis e passar para a central eletrônica a proporção exata de cada um deles.
3. O melhor dos mundos é um tanque com 50% de gasolina e 50% de etanol?
A vida é sempre uma questão de escolha. Se o motorista prefere autonomia, o ideal é abastecer apenas com gasolina. Isso porque o consumo do derivado do petróleo é menor. Mas se faz questão do desempenho, não há dúvidas, o melhor é encher o tanque com etanol. A mistura dos dois agrada gregos e troianos.
Ah, se por um acaso o dono do carro gostar mesmo é de economia, deve considerar o custo relativo entre os dois combustíveis.
4. A regra dos 70% é uma verdade ou um mito
Estudos recentes colocam a veracidade da informação em questão. Além do fato da gasolina brasileira ter uma alta porcentagem de etanol, alguns pesquisadores defendem que, com os motores tricilíndricos atuais, esse percentual pode variar até 75%. Para ter certeza, o leitor só tem um caminho: abastecer o carro com gasolina, calcular o consumo, fazer o mesmo com o etanol e, por último, dividir um número pelo outro. Se essa diferença de consumo for de 30%, vale então a regrinha dos 70% para analisar qual combustível vale mais a pena.
5. Álcool de cozinha serve para abastecer carro flex?
Com a greve dos caminhoneiros e a falta de combustíveis nas bombas, alguns “criativos” resolveram colocar álcool de cozinha e até cachaça nos tanques. Bem, o “álcool puro”, 96°GL, pode até ser usado sem problemas. Mas o composto mais comum, encontrado no supermercado, tem 46% de água e pode danificar os sistemas do carro.
6. Motor flex pode não pegar quando abastecido com etanol?
Se o motorista completou o carro com etanol, em baixas temperaturas, e esqueceu de colocar a gasolina no tanquinho de partida a frio, o carro pode ter dificuldades para funcionar. É que o automóvel começa a rodar com o restante do combustível antigo, que já estava no sistema, e, se o motorista anda menos de 10 quilômetros, a sonda não tem tempo suficiente para diferenciar a gasolina do etanol.
7. O etanol é um combustível mais limpo
O etanol não deixa depósitos carboníferos no sistema do carro. Usando o combustível derivado da cana, o motorista tem uma tendência menor a cair na pi-ca-re-ta-gem dos mecânicos, que rapidamente querem enfiar um processo chamado descarbonização para cima dos clientes. Como não há unanimidades no assunto flex, a gasolina tem uma outra vantagem que o etanol não oferece: por ser mais oleoso, o combustível lubrifica melhor o sistema.
R7