A partir desta segunda-feira (21), Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) irá diminuir a vazão do reservatório de Sobradinho, no norte da Bahia, de 830 para 770 metros cúbicos por segundo. Essa é a maior redução da vazão, desde que a barragem foi construída há mais de 40 anos.
Segundo a Chesf, a vazão será reduzida com o objetivo de manter o volume de água no reservatório, que está em uma região que enfrenta um forte período de seca. A decisão agradou alguns moradores da região que fica no entorno do reservatório. Esse o caso do produtor Milson de Sena.
Ele planta goiaba na comunidade de Algodões, zona rural de Sobradinho, e está há dois meses sem colher, porque teve que diminuir a irrigação do plantio. A roça dele tem pouco mais de dois hectares e fica na parte de cima da barragem. Para a água chegar lá, são necessárias duas bombas e mais de dois mil quilômetros de canos. Com a redução da vazão, ele acredita que não vai mais precisar usar tantos canos e bombas.
“Fica melhor porque o lago vai parar [de esvaziar]. Se a vazão for para baixo, a água ela fica parada. A nossa bomba continua onde está”, diz.
Por causa da falta de água, Milson de Sena diz que as folhas ficam amareladas e o fruto não consegue se desenvolver. Dos 800 pés de goiaba plantados, apenas 30% consegue se desenvolver como deveriam. Os outros 70% são perdidos. “O que era para gente molhar três vezes por dia, estamos molhando um dia sim e outro não. Estamos sobrevivendo com 30%, tomando dinheiro emprestado para pagar energia, porque nossa produção não está desenvolvendo, afirma.
Milson e outros 27 produtores da comunidade ainda sofrem os reflexos da seca, que já dura mais de três anos. Por causa da baixa 1do lago de Sobradinho no ano passado, muitos não conseguiram irrigar a plantação e acumularam dívidas. Para quem pesca, o problema é ainda maior. E se para quem planta a situação não está nada boa, para quem depende da pesca é pior. “O lago cada dia que passa está baixando e o peixe desaparece”, diz José Carlos Alves.
G1