Considerado um bairro nobre de Salvador localizado na Avenida Octávio Mangabeira, a Orla, Patamares teve um crescimento comercial e residencial nos últimos anos. Com isso, um velho problema que assombra Salvador também acompanhou a expansão da região: a segurança pública.
Mesmo sendo uma área formada principalmente com condomínios e residências de classe média e classe média alta, Patamares também reserva seu espaço para atividades criminosas, especialmente assaltos de médio e pequeno porte. A reportagem conversou com duas moradoras do Loteamento Greenville que tiveram o mesmo problema: foram abordadas dentro do próprio carro e tiveram seus veículos levados por ladrões armados.
As moradoras Ana Emília e Angélica Barreto dirigiam a caminho de suas respectivas academias no início de duas manhãs diferentes, uma por volta das 6h e outra às 7h30. A primeira foi abordada na Rua Manoel Antônio Galvão, enquanto a segunda estava de passagem na Avenida Tamburugy.
Ana Emília contou que dirigia um carro modelo Sandero, quando os assaltantes aproveitaram um momento em que ela manobrava o veículo para sair. “Emparelharam junto com meu carro. Eram três homens, dois na frente e um atrás. O carona saiu e bateu no meu vidro que estava fechado, mostrou uma arma prateada e me mandou pular para o outro lado. Aí eu pulei para o carona, não sei como fiz isso tão rápido. Ele entrou e assumiu o volante do carro, então o que estava atrás do carona no fundo do carro deles, já ficou atrás do meu carona. E aí botou a arma no meu pescoço”, detalhou.
Feita refém pelos dois criminosos, Ana detalhou os momentos de apreensão que viveu. Ela disse que temeu a possibilidade de ser sequestrada, mas os homens a deixaram sair do carro poucos metros à frente. “Eu pedi para ele me deixar sair, então ele disse ‘nós não vamos fazer nada com você, fique quieta’. Ele foi dirigindo o carro e o que estava atrás do carona no meu carro com a arma no meu pescoço, mudava do pescoço para cabeça”.
A moradora de Patamares explicou que os homens a libertaram do carro e logo partiram em fuga. A ação foi flagrada por várias pessoas que estavam na rua, mas que não puderam intervir contra bandidos armados, tanto ela sendo levada no próprio carro, como no momento em que solta do carro na Igreja Batista da Família Kadosh. “Logo que estava chegando nessa igreja ele parou, aí disse assim ‘vá, desça!’.
Ana Emília conseguiu passar ilesa, mas conta que inicialmente ficou com este caso “na mente durante muito tempo”. Ela, apesar do susto, disse que considera segura a região que vive e que “fatalidades” podem acontecer. “Eu acho nossa área muito protegida. Sempre tem uma guarnição no Colégio Pan-Americano, na saída do Greenville e perto do HiperIdeal também”.
Angélica passa por situação semelhante
Vizinha de Ana no mesmo Greenville, Angélica Barreto contou que foi interceptada por quatro homens armados quando dirigia nas proximidades do Centro Universitário Regional do Brasil (UNIRB). Ela diz ter sofrido um susto tão grande que colidiu levemente com o veículo que os assaltantes estavam, o que os deixou bem irritados.
“Eu logo disse que eles podiam levar o carro, mas eles puxaram também um brinco, uma gargantilha e um anel solitário. Um deles tentou roubar também minha aliança, mas eu não conseguia tirar do dedo porque estava apertada. Ele puxava também e não saía, então ele me xingou muito”. Foi aí que os homens chamaram o comparsa para iniciar a fuga.
Angélica disse que os assaltantes se dividiram, sendo que dois seguiram no carro que já estavam, enquanto os outros dois deixaram o local com o veículo que roubaram dela. “Eu estava muito apavorada porque ele fazia tudo com a arma na mão. Eu fiquei meio petrificada e comecei a chorar depois que eles foram embora”, detalhou.
Apesar do trauma e das perdas financeiras, Angélica ainda entende que o bairro de Patamares não é inseguro. Ela afirma que, após alguns casos de crimes na região, a segurança foi sendo gradativamente melhorada e atualmente os riscos são menores. “A gente mora em uma bolha, uma região privilegiada da cidade”, afirmou.
No entanto, ela entende que problemas estruturais do Brasil acabam resultando no aumento de atividades criminosas em qualquer localidade. “No ponto de ônibus, onde ficam os trabalhadores, geralmente as secretárias do lar, quantas vezes um motoqueiro vai e as assalta? Eu vejo tudo muito relativizado, penso que a gente vive uma falsa segurança, por toda essa questão estrutural que a gente vive, de desigualdade”, analisou.
Jovem morador confirma pequenos assaltos no ponto de ônibus
Também morador do mesmo loteamento, Ronald Santos afirma que costuma caminhar e andar de bicicleta “pelas redondezas” e enxerga a segurança. “A polícia também sempre está pelas áreas, a minha experiência em Patamares sempre foi agradável”
No entanto, ele diz que a segurança melhorou após uma sequência de assaltos nas proximidades do condomínio. “Eu, inclusive, já presenciei um assalto no ponto de ônibus com o rapaz armado, provavelmente esse foi um dos motivos que agora tem policiais no horário que os trabalhadores vão para casa”, contou.
Números mostram efetividade no bairro, mas problemas pessoais chamam atenção
Dados levantados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) comprovam a efetividade do policiamento e segurança em Patamares. Segundo o anuário da SSP, apenas 3 pessoas foram vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) no bairro entre 2021 e 2022.
Ainda de acordo com o levantamento, a taxa de incidência (por 1 mil habitantes) de CVLIs foi de apenas 18,0 em 2022.
Além disso, os últimos crimes ocorridos na região e que rodaram na mídia ocorreram por confusões domésticas e familiares. Segundo informações do Correio, policiais da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) apreenderam armas na residência de um homem que chegou a ameaçar a madrasta no dia 18 de abril deste ano.
Pouco mais de duas semanas depois do primeiro ocorrido, um homem foi atingido por um tiro disparado pelo próprio vizinho, isso devido a uma confusão motivada por um jogo de futebol de crianças. Durante a brincadeira, a bola entrou na casa de um empresário e teria atingido um objeto na casa.
De acordo com o G1, o pai de um dos garotos não gostou das reclamações do empresário e eles passaram a discutir de maneira acalorada. Pouco depois, o homem retornou à residência e atirou, mas a vítima sobreviveu aos disparos. Ainda segundo a reportagem, o atirador foi indiciado por tentativa de homcídio.
Considerado um bairro nobre de Salvador localizado na Avenida Octávio Mangabeira, a Orla, Patamares teve um crescimento comercial e residencial nos últimos anos. Com isso, um velho problema que assombra Salvador também acompanhou a expansão da região: a segurança pública.
Mesmo sendo uma área formada principalmente com condomínios e residências de classe média e classe média alta, Patamares também reserva seu espaço para atividades criminosas, especialmente assaltos de médio e pequeno porte. A reportagem conversou com duas moradoras do Loteamento Greenville que tiveram o mesmo problema: foram abordadas dentro do próprio carro e tiveram seus veículos levados por ladrões armados.
As moradoras Ana Emília e Angélica Barreto dirigiam a caminho de suas respectivas academias no início de duas manhãs diferentes, uma por volta das 6h e outra às 7h30. A primeira foi abordada na Rua Manoel Antônio Galvão, enquanto a segunda estava de passagem na Avenida Tamburugy.
Ana Emília contou que dirigia um carro modelo Sandero, quando os assaltantes aproveitaram um momento em que ela manobrava o veículo para sair. “Emparelharam junto com meu carro. Eram três homens, dois na frente e um atrás. O carona saiu e bateu no meu vidro que estava fechado, mostrou uma arma prateada e me mandou pular para o outro lado. Aí eu pulei para o carona, não sei como fiz isso tão rápido. Ele entrou e assumiu o volante do carro, então o que estava atrás do carona no fundo do carro deles, já ficou atrás do meu carona. E aí botou a arma no meu pescoço”, detalhou.
Feita refém pelos dois criminosos, Ana detalhou os momentos de apreensão que viveu. Ela disse que temeu a possibilidade de ser sequestrada, mas os homens a deixaram sair do carro poucos metros à frente. “Eu pedi para ele me deixar sair, então ele disse ‘nós não vamos fazer nada com você, fique quieta’. Ele foi dirigindo o carro e o que estava atrás do carona no meu carro com a arma no meu pescoço, mudava do pescoço para cabeça”.
A moradora de Patamares explicou que os homens a libertaram do carro e logo partiram em fuga. A ação foi flagrada por várias pessoas que estavam na rua, mas que não puderam intervir contra bandidos armados, tanto ela sendo levada no próprio carro, como no momento em que solta do carro na Igreja Batista da Família Kadosh. “Logo que estava chegando nessa igreja ele parou, aí disse assim ‘vá, desça!’.
Ana Emília conseguiu passar ilesa, mas conta que inicialmente ficou com este caso “na mente durante muito tempo”. Ela, apesar do susto, disse que considera segura a região que vive e que “fatalidades” podem acontecer. “Eu acho nossa área muito protegida. Sempre tem uma guarnição no Colégio Pan-Americano, na saída do Greenville e perto do HiperIdeal também”.
Angélica passa por situação semelhante
Vizinha de Ana no mesmo Greenville, Angélica Barreto contou que foi interceptada por quatro homens armados quando dirigia nas proximidades do Centro Universitário Regional do Brasil (UNIRB). Ela diz ter sofrido um susto tão grande que colidiu levemente com o veículo que os assaltantes estavam, o que os deixou bem irritados.
“Eu logo disse que eles podiam levar o carro, mas eles puxaram também um brinco, uma gargantilha e um anel solitário. Um deles tentou roubar também minha aliança, mas eu não conseguia tirar do dedo porque estava apertada. Ele puxava também e não saía, então ele me xingou muito”. Foi aí que os homens chamaram o comparsa para iniciar a fuga.
Angélica disse que os assaltantes se dividiram, sendo que dois seguiram no carro que já estavam, enquanto os outros dois deixaram o local com o veículo que roubaram dela. “Eu estava muito apavorada porque ele fazia tudo com a arma na mão. Eu fiquei meio petrificada e comecei a chorar depois que eles foram embora”, detalhou.
Apesar do trauma e das perdas financeiras, Angélica ainda entende que o bairro de Patamares não é inseguro. Ela afirma que, após alguns casos de crimes na região, a segurança foi sendo gradativamente melhorada e atualmente os riscos são menores. “A gente mora em uma bolha, uma região privilegiada da cidade”, afirmou.
No entanto, ela entende que problemas estruturais do Brasil acabam resultando no aumento de atividades criminosas em qualquer localidade. “No ponto de ônibus, onde ficam os trabalhadores, geralmente as secretárias do lar, quantas vezes um motoqueiro vai e as assalta? Eu vejo tudo muito relativizado, penso que a gente vive uma falsa segurança, por toda essa questão estrutural que a gente vive, de desigualdade”, analisou.
Jovem morador confirma pequenos assaltos no ponto de ônibus
Também morador do mesmo loteamento, Ronald Santos afirma que costuma caminhar e andar de bicicleta “pelas redondezas” e enxerga a segurança. “A polícia também sempre está pelas áreas, a minha experiência em Patamares sempre foi agradável”
No entanto, ele diz que a segurança melhorou após uma sequência de assaltos nas proximidades do condomínio. “Eu, inclusive, já presenciei um assalto no ponto de ônibus com o rapaz armado, provavelmente esse foi um dos motivos que agora tem policiais no horário que os trabalhadores vão para casa”, contou.
Números mostram efetividade no bairro, mas problemas pessoais chamam atenção
Dados levantados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) comprovam a efetividade do policiamento e segurança em Patamares. Segundo o anuário da SSP, apenas 3 pessoas foram vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) no bairro entre 2021 e 2022.
Ainda de acordo com o levantamento, a taxa de incidência (por 1 mil habitantes) de CVLIs foi de apenas 18,0 em 2022.
Além disso, os últimos crimes ocorridos na região e que rodaram na mídia ocorreram por confusões domésticas e familiares. Segundo informações do Correio, policiais da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) apreenderam armas na residência de um homem que chegou a ameaçar a madrasta no dia 18 de abril deste ano.
Pouco mais de duas semanas depois do primeiro ocorrido, um homem foi atingido por um tiro disparado pelo próprio vizinho, isso devido a uma confusão motivada por um jogo de futebol de crianças. Durante a brincadeira, a bola entrou na casa de um empresário e teria atingido um objeto na casa.
De acordo com o G1, o pai de um dos garotos não gostou das reclamações do empresário e eles passaram a discutir de maneira acalorada. Pouco depois, o homem retornou à residência e atirou, mas a vítima sobreviveu aos disparos. Ainda segundo a reportagem, o atirador foi indiciado por tentativa de homcídio.