Sob o som da Orquestra Neojibá, representantes de 112 instituições públicas e privadas localizadas em Salvador receberam o Selo da Diversidade Étnico-Racial, iniciativa da Prefeitura por meio da Secretaria Municipal da Reparação (Semur). O número mais que dobrou, se comparado com edição passada, em 2023, quando 51 selos foram entregues.
Com muita música, discurso de reconhecimentos sobre os cases de sucesso, e incentivo a diversidade, a cerimônia de outorga foi realizada nesta sexta-feira (13), no Hotel Mercure, no Rio Vermelho. O evento reuniu aproximadamente 350 convidados, entre representantes das empresas e de entidades públicas.
Para o coordenador de Reparação e Promoção da Igualdade Racial, Eurico Alcântara, o crescimento do número de empresas certificadas ilustra o avanço das políticas públicas de inclusão no mercado de trabalho. “Esse quantitativo que vem crescendo a cada ano mostra que nossas ações têm refletido no compromisso das empresas e instituições. Temos enorme satisfação quando chegamos em um ambiente laboral e encontramos o povo negro e o povo indígena, por exemplo”, frisou.
Alcântara destaca que selo é uma política pública importante e fundamental, embora a luta pela igualdade racial ainda é seja muito árdua. “Apesar de falarmos muito em diversidade e inclusão, as organizações ainda refletem muita desigualdade racial, refletindo o olhar da sociedade. Temos muito o que se fazer nesta longa caminhada. O Selo da Diversidade Étnico-Racial está plantando semente de transformações para um mundo com mais oportunidades”, destacou.
Além da entrega dos selos, a programação contemplou a apresentação de dois cases de sucesso de duas empresas beneficiadas: a Cubos Tecnologia e a Comunicativa Agência de Comunicação. A diretora e sócia da Comunicativa, Graziela Garcia, comemorou o segundo selo recebido.
“Para nós é de extrema importância, porque corrobora as nossas práticas diárias e a forma como a gente se posiciona no mercado. Na Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão da Comunicativa, trabalhamos a diversidade interna com nossos fornecedores e clientes. São ações de visibilidade interna que refletem na forma como a empresa é vista no mercado”, destacou.
Compromisso – Ao obter o selo, as instituições assumem o compromisso de fazer um censo étnico-racial e desenvolver ações de combate ao racismo no ambiente de trabalho. São apresentadas propostas que serão analisadas posteriormente por um Comitê Gestor, que também será homenageado durante o evento.
“Estamos iniciando o processo de reflexão e mudança nas gestões empresariais e no poder público. Atraindo o olhar para questão racial, destacando a importância de se ter uma equipe diversa, inclusiva e mais representativa, como forma gerar mais criatividade, inovação, melhores resultados, além de uma sociedade mais justa e igualitária”, considerou Alcântara.
Para a representante do Instituto Afeto, Suzana Coelho, ganhar o selo é a validação do trabalho feito ao longo de todo ano para combater todas as formas de discriminação. “A gente batalha para conseguir cada vez mais espaços inclusivos, lugares menos preconceituosos. Estar aqui hoje é uma grande honra, é sentir aquele gostinho de estar fazendo a coisa certa. Falo como mulher preta, já que a gente demora muito para reconhecer nos nossos lugares de merecimento. Quando a gente consegue fazer um trabalho de base com parceiros sérios e comprometidos, percebemos que não caminhamos sozinhos, assim tudo flui. A Prefeitura de Salvador é uma grande parceira. Então, é um momento de comemoração”, finalizou.
Análise – O título é concedido pela Prefeitura a partir da análise de um comitê gestor formado por representantes da sociedade, a exemplo da Semur, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec); do Instituto A Mulherada; Universidade Salvador (Unifacs); Instituição Beneficente Conceição Macedo (IBCM); Sindicato dos Servidores da Prefeitura do Salvador (Sindseps); Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Grupo Gay da Bahia (GGB), dentre outras instituições.
Fotos: Bruno Concha/Secom PMS