O presidente afastado da CBF, Marco Polo Del Nero, vai se defender diante do Comitê de Ética da Fifa por meio de uma videoconferência. Sem poder viajar sob o risco de ser preso, o brasileiro terá advogados em Zurique e uma conexão direta com a Fifa para responder eventuais perguntas.
A partir desta segunda-feira (15), a CBF entrega a defesa de Del Nero, alegando que os documentos usados para afastar o cartola da entidade não prova qualquer tipo de recebimento de propinas. Originalmente, a Fifa havia exigido uma posição da parte da defesa ainda no dia 4 de janeiro. Mas os advogados solicitaram uma extensão do prazo.
O dirigente foi indiciado nos Estados Unidos por corrupção e lavagem de dinheiro. Mas, ao permanecer no Brasil, conseguiu evitar ser preso e extraditado para Nova York, onde seria julgado. Em dezembro, diante das evidências apresentadas por promotores americanos ao tribunal citando a suposta corrupção de Del Nero, a Fifa optou por o afastar por 90 dias, enquanto julgava seu caso.
Se condenado e banido, Del Nero terá de abandonar o futebol, abrindo espaço para eleições na CBF. Mas a defesa do brasileiro insiste que existem duas brechas para desmontar as acusações. A primeira delas é de que, ao contrário do que ocorreu com José Maria Marin, não existiriam provas concretas do recebimento de propinas, que chegariam a US$ 6,5 milhões (aproximadamente R$ 20,8 milhões).
Outro argumento utilizado é de que, em dois anos, a Fifa jamais produziu um só documento de evidências contra Del Nero, baseando toda sua acusação em investigações realizadas por terceiros. No caso, a Justiça dos Estados Unidos.
Uma vez entregue a defesa, Del Nero será ouvido pelo Comitê de Ética, que tem a incumbência de determinar sua pena. A data, porém, está sendo mantida em sigilo por parte da Fifa em razão da confidencialidade do processo. Em Zurique, o Estado apurou que a reunião virtual ocorrerá “nos próximos dias”.
A realização de videoconferências com suspeitos ou envolvidos em casos de ética não é exatamente uma novidade no mundo dos esportes. A Corte Arbitral do Esporte, por exemplo, usa o sistema com frequência, inclusive para agilizar os trâmites de casos e não vê como um problema a ausência física da pessoa em questão.
Na Fifa, porém, fontes revelam ao Estado que uma saia-justa pode ser escancarada se algum dos membros do Comitê de Ética resolver fazer uma pergunta simples: “Por qual motivo o suspeito não pode comparecer à audiência para se defender?”.
R7