A Secretaria Municipal da Reparação (Semur) vem promovendo o projeto Mentorias, com alunos de instituições parceiras do Selo da Diversidade Étnico-Racial. O programa dá suporte e encorajamento no processo de autodesenvolvimento pessoal para jovens, por meio de colaboradores das empresas certificadas e que sabem da dificuldade de inserção de pessoas negras no mercado de trabalho, principalmente em cargos de liderança.
A primeira turma, iniciada em maio, conta com 15 participantes, que estudam em universidades certificadas com o selo e que estão no último ano do curso. O coordenador de Reparação e Promoção da Igualdade Racial da Semur, Alison Sodré, afirma que a ideia do programa de fato é fortalecer as ações afirmativas, principalmente no eixo governamental e também nas empresas, através de políticas internas para combater as desigualdades.
Na primeira fase, os participantes têm dez encontros de uma hora cada, duas vezes por semana. Os temas abordados são racismo institucional; racismo e antirracismo no Brasil; importância da diversidade étnico-racial nas organizações; jornada que ajuda a encontrar seu propósito; análise de perfil comportamental; autoconhecimento e empoderamento; educação financeira; comunicação assertiva e liderança, engajamento e conexão. Já na segunda fase, serão quatro encontros quinzenais e individuais, no formato on-line.
Progressão na carreira – O coordenador lembra que, apesar do número de pessoas negras com curso superior ter aumentado, o número de líderes não aumenta. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Ethos, nas 500 maiores empresas brasileiras, somente 4,7% delas atuam em cargos de direção.
O objetivo é orientar universitários, na perspectiva de vislumbrarem novos horizontes e oportunidades nas carreiras. “A gente acredita que o benefício maior é que, ao serem orientados, eles terão uma bagagem de conhecimento dos mentores, que são frutos de uma trajetória de erros, acertos e experiências e, através da mentoria, ajudá-los a criar mais confiança para impulsionar a carreira, com dicas para fomentar isso”, explica.
O gestor lembra ainda que a maior dificuldade destes universitários é justamente a inserção no mercado de trabalho, uma vez que a maioria não tem acesso às grandes empresas, além da relação socioeconômica em que estão esses universitários no país.
“A orientação dos mentorados busca dirimir o impacto social da lacuna que existe entre eles e as grandes empresas. É importante compreender o racismo institucional e lutar com o conhecimento, para fortalecer e unificar a luta pela equidade racial e acesso, principalmente dos jovens ao mercado de trabalho”, concluiu Sodré.
Selo – O programa foi instituído pela Semur em 2007 e, desde então, tem reconhecido ações de promoção da diversidade e da equidade racial, nas organizações públicas e privadas de Salvador. Ao obter o selo, as instituições assumem o compromisso de seguir um planejamento, que inclui a realização de um censo étnico-racial dos seus colaboradores e o desenvolvimento de ações de combate ao racismo no ambiente de trabalho, seguindo critérios como inclusão da juventude negra e apoio a programas de primeiro emprego.
As propostas apresentadas serão analisadas por um comitê gestor, composto por organizações representativas do governo municipal e da sociedade civil. Ao final do período, é feita uma avaliação para saber se as empresas devem ou não continuar com a certificação.
A concessão do selo é renovada anualmente e, para se garantir entre as premiadas, as instituições e empresas devem atender aos critérios estabelecidos pelo comitê gestor. No caso de cumprimento das regras por um período de três anos, com notas acima de oito, a entidade recebe ainda o Selo Excelência. Por outro lado, o descumprimento das diretrizes implica em exclusão do grupo.