Christiano Silva Britto
A turma do Sítio do Picapau Amarelo está em festa. Não apenas as personagens do Sítio, mas também outras figuras que encantam o universo da literatura infantil. Comemora-se, hoje (18/4), o aniversário do escritor paulista Monteiro Lobato (1882-1948), um ícone das letras nacionais e o pioneiro do gênero infantil entre os leitores brasileiros.
Na capital baiana, as bibliotecas vinculadas à Fundação Pedro Calmon/Secult comemoram o livro infantil no decorrer deste mês, com uma programação gratuita voltada a atividades culturais. Merece destaque a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, localizada no Jardim de Nazaré, por ter o nome do aniversariante ilustre e por também comemorar o próprio aniversário, os seus 68 anos de existência.
De acordo com o site da FPC, a programação se inicia às 9h, com visita guiada na Monteiro Lobato e na Biblioteca Móvel, que, neste mesmo dia, completa 33 anos. Quem não puder ir pela manhã, a mesma visita vai ocorrer às 14h.
Também estão previstas atrações lúdicas e culturais. Às 9h30, Premiação leitor assíduo, nas categorias criança, jovem e adulto; às 10h, Contação de histórias, com o diretor de teatro João Lima; às 10h30, Contação de histórias, com Lívia Góis; às 11h, atividade lúdica com o grupo Pra lá e Pra Cá.
Durante a tarde, coral de alunos do Colégio Advetista vão se apresentar às 14h30; às 15h, lançamento de livro, com a autora Carla Chastinet; às 15h, espetáculo teatral “Brincando com a Turma da Mônica”; às 15h30, mais Contação de histórias; por último, às 16h, apresentação do grupo NEOJIBA.
Desafio atual
Ao percorrer as dependências da Monteiro Lobato, o visitante vai perceber uma ambiência agradável, em que há limpeza e organização. Mesmo assim, sempre existe algo a se observar. “O maior desafio, hoje, para a BIML é a questão do incentivo à leitura. É um desafio constante nessa gestão, por isso estamos promovendo ações diárias, não só com a contação de histórias, mas também com oficinas em que a criança tem o acompanhamento dos pais e dos professores”, relata a diretora da BIML, Patrícia Porto.
Estrutura e serviços
A BIML dispõe não apenas do tradicional setor de estudo, pesquisa e empréstimo. Lá se encontram o Auditório Jorge Conceição, em que há exibição do Cinevídeo, aos sábados, e do teatro de fantoches; o Infocentro, espaço que viabiliza inclusão digital dos jovens; o RECODE, organização social que colabora para o empoderamento digital; um teatro com 120 lugares; a Gibiteca e Memória da Gibiteca; o Espaço Cedraz; uma Brinquedoteca; o Cantinho da leitura; a Sala Denise Tavares.
Pais que precisam de suporte psicológico aos seus filhos podem buscar o projeto Brincando em família, que conta com a parceria da UFBA nos atendimentos. Em relação à acessibilidade, a diretora Patrícia Porto esclarece: “Já se tem algo que está em projeto e em via de ser concretizado. O sistema inteiro vai passar por algumas intervenções. Está começando agora na Biblioteca dos Barris e depois em todas as unidades”. Para os cegos, há obras em braille no acervo da instituição.
Companhia de teatro
A partir de hoje até o dia 30 de maio, vai estar em cartaz o espetáculo infantil “Brincando com a Turma da Mônica”, sob direção do professor de teatro Sérgio Mício. Ele diz que o trabalho que realiza com crianças e adolescentes, na companhia teatral da BIML, é muito gratificante. “Durante oito anos, já passamos por muitas experiências bacanas. Montamos mais de vinte espetáculos infantojuvenis”. Neste ano, Mício trabalha com 42 alunos. Os ensaios com crianças acontecem às terças e quintas, das 14h às 16h30; e os com adolescentes, às quartas e sextas, no mesmo horário. Uma das satisfações que colhe com o seu trabalho é a aprovação de sua aluna Beatriz Magarão, no curs o de Interpretação Teatral da UFBA.
Professora Denise
Quando se fala da BIML, é impossível omitir a lembrança de sua fundadora. “Falar de Denise [Tavares] é sempre muito emocionante, faz rever conceitos e a história de uma pessoa que estava além do seu tempo”, discorre com entusiasmo a professora Joseania Freitas, nos primeiros instantes da entrevista. Ela prossegue: “Denise é uma professora primária, formada em Nazaré, aqui no Recôncavo. E é essa professora que vai para Salvador com ideia de criar uma biblioteca para crianças. Quando ela cria essa biblioteca, é sempre pensando a criança como um ser social, um ser com direitos. Isso é o que é mais impressionante em Denise”.
As palavras do saudoso jornalista e educador Adroaldo Ribeiro Costa (1917-1984), em crônica de época, assim traduzem a obra e a fundadora: “A moça de que falo tinha fibra. E foi adiante. Claro que achou aqui e ali quem a ajudasse um pouco. Mas o grande trabalho, o que exige perseverança, tenacidade, espírito de sacrifício até, este foi exclusivamente dela. Venceu. Hoje, no Jardim de Nazaré, abrem-se as portas da mais risonha casa da Bahia: BIBLIOTECA INFANTIL MONTEIRO LOBATO. Lá está ela, (…) a abrigar centenas e centenas de crianças que podem brincar no Sítio do Picapau Amarelo, na Terra do Nunca, no País das Maravilhas, podem ir ao baile com o Pequeno Polegar, que podem, enfim, viver a encantadora e sempre renovada vida das histórias para crianças ”.