Papiloscopistas de Sergipe identificaram Joana Darc após ser acionados pelo HUSE. Crimes aconteceram na década de 90.
Uma mulher de 53 anos e com a identificação falsa de Maria Aparecida da Silva foi presa no Instituto de Identificação de Sergipe na manhã desta quinta-feira (19). Com a aparência fragilizada e ajudada por uma acompanhante, ela foi conduzida para uma Delegacia depois que os papiloscopistas da Secretaria da Segurança Pública de Sergipe analisaram as impressões digitais e descobriram que na verdade se tratava de Joana Darc Damásio do Nascimento, condenada pelo Tribunal do Júri por envenenar e matar crianças no Rio de Janeiro na segunda parte da década de 1990.
Ela foi condenada, em 2013, a 16 anos de reclusão com qualificadoras apontadas pelo juiz responsável pelo caso. Um relato da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro traz detalhes das acusações e decisões judiciais definitivas que incriminam Joana Darc. Segundo o relato do TJ do Rio de Janeiro, ela foi denunciada, porque “na madrugada de 17 de dezembro de 1995, no bairro Acari, Rio de Janeiro, com intenção de matar, ministrou o veneno conhecido como “chumbinho” ao menor Felipe Pereira de Araújo, de apenas um ano de idade”.
Segundo a denúncia, o homicídio somente não se consumou “por circunstâncias alheias à vontade da apelante, pois a vítima foi socorrida a tempo e levada ao hospital”. Ainda assim, Joana Darc se deslocou para o Hospital, com chumbinho no bolso enquanto a vítima estava hospitalizada, e tentou dar uma nova dose de veneno, misturada em mingau, quando foi surpreendida por uma enfermeira e presa em flagrante por policiais.
Após ser descoberta e presa em flagrante, histórias e mortes de crianças em situações semelhantes foram esclarecidas na investigação. Uma das testemunhas, Ednea Alves Bravo, relatou para o Tribunal do Juri uma história estarrecedora. Segundo o relato, Ednea diz que “perdeu um filho chamado Vitor Hugo, com os mesmos sintomas que Felipe apresentara, esclarecendo que, na época deixara seu filho com a acusada e, ao retornar, cerca de 15 minutos depois, já o encontrou passando mal”.
Ainda relata: “que se recorda de que Joana D’arc a acompanhou até o hospital e sempre ficou no local quando da saída da depoente para ir até sua casa. E que seu filho ficou internado uma semana e chegou a apresentar sinais de melhora, mas que, durante todo aquele tempo, Joana Darc ficava no hospital e, por isso, acredita que tenha participação na morte de Vitor Hugo”.
A irmã de Joana Darc, Angelina Nascimento Damásio Sebastião, também perdeu uma filha exatamente com os mesmos sintomas. A criança ficava com a tia, presa nesta quinta-feira (18), em Sergipe. No relato ao Poder Judiciário Fluminense, a irmã da condenada traz detalhes que apontam Joana Darc como possível autora da morte da própria sobrinha: “ Tinha uma filha, Jadiana Priscila do Nascimento, que morreu em 27/09/95, e os sintomas que apresentava eram idênticos aqueles que a vítima neste processo apresentava”
Acrescenta outra informação importante; “Diz também que uma filha de Joana Darc, de nome Andressa do Nascimento, morreu com as mesmas características. E que Edena, uma vizinha da depoente, também perdeu um filho chamado Vitor Hugo [caso citado acima]”
Identificação em Sergipe – Os papiloscopistas do Instituto de Identificação foram acionados por profissionais do Hospital de Um de Sergipe (Huse) para realizar exames das impressões digitais da paciente, vítima de um espancamento, até então indigente. O pedido aconteceu, pois não portava nenhum documento oficial e não estava acompanhada por algum parente que facilitasse o processo de identificação.
O exame papiloscópico consiste na coleta das impressões digitais do indivíduo e uma vasta pesquisa realizada pelo profissional papiloscopista que envolve a checagem de dados e uma análise das minúcias da impressão digitais, comparando-as com um material padrão.
A paciente que inicialmente se apresentou dizia ter nascido na Paraíba e que não sabia dados como filiação e sua própria data de nascimento. Através da coleta das impressões digitais e uma cooperação entre papiloscopistas do Instituto de Identificação de Sergipe e da Polícia Federal, foi possível usar a ferramenta AFIS, um sistema informatizado e alimentado por dados nominais e impressões digitais, capaz de identificar criminosos em casos onde se desconhece os suspeitos.
A paciente foi identificada pelo nome de Joana Darc Damasio do Nascimento, possuindo dois mandados de prisão por homicídios pendentes de cumprimento no Rio de Janeiro. Em seguida, os papiloscopistas de Sergipe entraram em contato com os papiloscopistas do Rio de Janeiro, para verificar se existia cadastro civil ou criminal com os dados constantes no mandado de prisão. Foi enviada uma ficha civil em nome de Joana Darc Damásio do Nascimento.
O cumprimento do mandado foi feito na sala do diretor do Instituto de Identificação, Jenilson Gomes, que comunicou a Joana Darc e uma acompanhante, que ela seria levada pra uma Delegacia em virtude do cumprimento dos mandados de prisão. Ela será encaminhada para o Presídio Feminino e estará à disposição da Justiça de Rio de Janeiro.
O serviço dos papiloscopistas de Sergipe já impediu que mais de 300 pessoas utilizassem dados falsos na identificação civil, criminal e cadavérica, contribuindo assim para a ordem, a segurança na fé pública do documento de identidade e no combate à criminalidade. Em 2019, 156 pessoas foram presas depois da identificação feita pelos papiloscopistas.
R7