Um terço dos entrevistados afirmou usar remédios por conta própria sempre que julgam necessário.
Os principais remédios usados são analgésicos (33%), relaxantes musculares (20%) e anti-inflamatórios (16%). Todos esses são vendidos sem receita.
O CEO da Consulta Remédios, Paulo Vion, conta que o percentual de brasileiros que admite se automedicar (73%) chamou atenção.
“Normalmente, os brasileiros têm vergonha de dizer que se automedicam. O fato de estarem mais confiantes em dizer o que realmente acontece é um reflexo de mais maturidade da população.”
Além de ser algo cultural entre os brasileiros, a automedicação também tem outros componentes, incluindo dificuldades no acesso ao sistema de saúde.
Vion acrescenta que 68% das pessoas têm por hábito buscar sintomas de doenças no Google.
“Ele descobre o que ele possa ter. Deveria ir ao médico, mas pula essa fase e vai direto à compra.”
“Todo medicamento tem risco, por mais inofensivo que possa parecer”, adverte o toxicologista e patologista clínico Álvaro Pulchinelli, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Analgésicos, se tomados em excesso, podem causar problemas no fígado. Já os anti-inflamatórios podem desencadear desde irritação gástrica até alteração na função dos rins, de acordo com o médico.
Outro problema é a interação, tanto entre medicamentos quanto entre alimentos e álcool.
“Medicamentos anticonvulsivantes associados com um fitoterápico chamado erva de São João podem sofrer alterações, porque modifica o metabolismo. Vitamina C pode alterar o efeito de medicamentos contra arritmia. Alguns xaropes contêm açúcar na fórmula; diabéticos devem usar com muita precaução. Outros xaropes são vasoconstritores; em alguém mais sensível, podem aumentar a pressão arterial”, exemplifica o toxicologista.
Fazer uso de determinados remédios também requer orientação médica sobre a alimentação.
“Remédios para tireoide devem ser tomados em jejum, porque o alimento impede a absorção deles. Alguns antibióticos, tetraciclinas, não podem ser tomados com substâncias lácteas.”
Mas o grande vilão tende a ser o álcool, especialmente quando misturado com benzodiazepínicos (medicamentos de tarja preta, conhecidos popularmente como calmantes).
“Se a pessoa ingere calmante e bebe, ele potencializa o efeito do álcool. Ou seja, a pessoa vai ficar muito embriagada. Os dois atuam no sistema nervoso central.”
Pulchinelli ressalta que buscar informações na internet é uma prática comum e que muitas vezes é esclarecedora. Mas é preciso ficar atento às fontes dessas informações. “A informação nem sempre é de qualidade ou confiável.”
Um autodiagnóstico errado ou negligenciado pode colocar a pessoa em risco. “Confundir um infarto com dor de estômago é muito comum”, diz.
Todos os fabricantes de medicamentos oferecem um serviço chamado de farmacovigilância. Na embalagem ou na bula são disponibilizados números de telefone para que o consumidor relate eventuais efeitos adversos daquela substância.
“É importante avisar o laboratório, porque essas informações são concentradas na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, observa o médico.
R7
Um terço dos entrevistados afirmou usar remédios por conta própria sempre que julgam necessário.
Os principais remédios usados são analgésicos (33%), relaxantes musculares (20%) e anti-inflamatórios (16%). Todos esses são vendidos sem receita.
O CEO da Consulta Remédios, Paulo Vion, conta que o percentual de brasileiros que admite se automedicar (73%) chamou atenção.
“Normalmente, os brasileiros têm vergonha de dizer que se automedicam. O fato de estarem mais confiantes em dizer o que realmente acontece é um reflexo de mais maturidade da população.”
Além de ser algo cultural entre os brasileiros, a automedicação também tem outros componentes, incluindo dificuldades no acesso ao sistema de saúde.
Vion acrescenta que 68% das pessoas têm por hábito buscar sintomas de doenças no Google.
“Ele descobre o que ele possa ter. Deveria ir ao médico, mas pula essa fase e vai direto à compra.”
“Todo medicamento tem risco, por mais inofensivo que possa parecer”, adverte o toxicologista e patologista clínico Álvaro Pulchinelli, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Analgésicos, se tomados em excesso, podem causar problemas no fígado. Já os anti-inflamatórios podem desencadear desde irritação gástrica até alteração na função dos rins, de acordo com o médico.
Outro problema é a interação, tanto entre medicamentos quanto entre alimentos e álcool.
“Medicamentos anticonvulsivantes associados com um fitoterápico chamado erva de São João podem sofrer alterações, porque modifica o metabolismo. Vitamina C pode alterar o efeito de medicamentos contra arritmia. Alguns xaropes contêm açúcar na fórmula; diabéticos devem usar com muita precaução. Outros xaropes são vasoconstritores; em alguém mais sensível, podem aumentar a pressão arterial”, exemplifica o toxicologista.
Fazer uso de determinados remédios também requer orientação médica sobre a alimentação.
“Remédios para tireoide devem ser tomados em jejum, porque o alimento impede a absorção deles. Alguns antibióticos, tetraciclinas, não podem ser tomados com substâncias lácteas.”
Mas o grande vilão tende a ser o álcool, especialmente quando misturado com benzodiazepínicos (medicamentos de tarja preta, conhecidos popularmente como calmantes).
“Se a pessoa ingere calmante e bebe, ele potencializa o efeito do álcool. Ou seja, a pessoa vai ficar muito embriagada. Os dois atuam no sistema nervoso central.”
Pulchinelli ressalta que buscar informações na internet é uma prática comum e que muitas vezes é esclarecedora. Mas é preciso ficar atento às fontes dessas informações. “A informação nem sempre é de qualidade ou confiável.”
Um autodiagnóstico errado ou negligenciado pode colocar a pessoa em risco. “Confundir um infarto com dor de estômago é muito comum”, diz.
Todos os fabricantes de medicamentos oferecem um serviço chamado de farmacovigilância. Na embalagem ou na bula são disponibilizados números de telefone para que o consumidor relate eventuais efeitos adversos daquela substância.
“É importante avisar o laboratório, porque essas informações são concentradas na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, observa o médico.
R7