Sextou e não poderia ser da melhor forma: nesta sexta-feira (13) comemora-se o Dia Nacional da Cachaça, bebida que nasceu junto com o Brasil, há cerca de 500 anos. O destilado – símbolo da cultura e identidade do país – ganhou uma data a partir de decreto parlamentar em 2010.
O 13 de setembro foi escolhido como o Dia da Cachaça pelo IBRAC (Instituto Brasileiro da Cachaça) e a decisão tem uma história por trás. Foi nessa data que a Corte Portuguesa assinou, em 1661, a permissão para a comercialização da bebida em terras tupiniquins, impulsionada pela Revolta da Cachaça, que aconteceu um ano antes e teve como estopim o aumento de impostos excessivamente cobrados aos fabricantes da aguardente.
Segundo o diretor executivo do IBRAC, Carlos Lima, a cachaça é uma bebida que esteve presente em diversos momentos da história do Brasil. “Durante aquele período da separação de Portugal, por exemplo, a elite portuguesa tomava vinho do porto, e a elite brasileira bebia cachaça, o que já era um sinal de resistência associada à bebida. Mas ela está presente também inclusive em momentos muito negativos da nossa história, como o da escravidão em que a cachaça era usada como moeda de troca”, relembra.
Hoje a cachaça é a segunda bebida alcoólica mais consumida pelos brasileiros, atrás somente da cerveja – que também não pode faltar na mesa do bar. A bebida à base de açúcar é exportada para mais de 60 países e é um dos quatro destilados mais consumidos em todo mundo.
“O mundo inteiro produz destilados de grande qualidade, mas o grande diferencial que eu vejo na cachaça é a utilização de diversos tipos de madeira na armazenagem da bebida. Muitos países utilizam carvalho francês ou carvalho americano, que é uma excelente madeira para armazenamento e envelhecimento de destilados. Nós utilizamos 30 tipos de madeira diferentes no armazenamento. O que faz com que você tenha bebidas completamente diferentes dentro do próprio universo da cachaça, mas ao mesmo tempo você está falando da mesma bebida”, afirma o diretor.
Popularidade e marginalização
A cachaça é conhecida por diversos nomes, como abençoada, beijo-de-copo e jeitosa, e é cada vez mais reconhecida pela versatilidade, aromas e estímulos sensoriais ideais para reinventar drinks famosos, tais como o mojito, dry Martini e margarita. “A versatilidade da cachaça e essa riqueza que existe hoje por trás do produto vem fazendo com que ele se popularize cada vez mais. É a riqueza cultural, a regionalidade. É uma bebida produzida no Brasil inteiro e mesmo assim ela mantém uma regionalidade, assim como o próprio brasileiro”, comenta Lima.
Para ele, o destilado ainda carrega um significado pejorativo, de uma bebida marginalizada. No entanto, ele afirma que isso está mudando. “Existe uma questão pejorativa. Historicamente a cachaça carrega esse estigma de uma bebida marginalizada. Mas o que a gente vem observando é que isso está mudando. Não na velocidade que nós gostaríamos que estivesse, mas isso vem mudando”, avalia.
“É importante a gente trazer sempre a mensagem de que álcool é álcool. Então tanto o álcool da cerveja quanto o álcool da cachaça, você está falando da mesma coisa. O que muda ali é a dose de consumo”, completa.
R7