A Síndrome de Tourette é pouco conhecida e atinge apenas 0,6% da população em geral. É popularmente conhecida como “tique nervoso”. Esse transtorno é um distúrbio neurológico que faz o indivíduo ter tiques variados em diversos lugares do corpo e acontece também tiques vocais.
Esse quadro tem alto grau genético e a fase de aparecimento é extremamente variável e mais comum no sexo masculino. O indivíduo com Tourette também pode ter outros transtornos de neurodesenvolvimentos ou neuropsiquiátricos associados. Alguns exemplos são Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno obsessivo-compulsivos (TOC), esquizofrenia, deficiência intelectual entre outros.
Os critérios para se diagnosticar a síndrome preconizam que o aparecimento e permanência dos tiques deve ocorrer por mais de três meses, além de ter um perfil crônico e não ter cura. O tratamento é multidisciplinar e envolve o uso de medicações, psicoterapia comportamental, treino de autocontrole e redução de fatores que possam piorar o tique como, por exemplo, quadros de ansiedade ou estresse agudo ou até mesmo situações do cotidiano que possam deixar a pessoa nervosa.
A síndrome em si não causa mal físico, apenas um incômodo no local em que o tique ocorre e dor. Entretanto, o maior impacto é o constrangimento social, a exposição desse indivíduo em ambientes que não vão entendê-lo e podem discriminá-lo. Na escola, existe o risco da criança ou adolescente sofrer bullying. Sendo assim, podem desenvolver, com o tempo, depressão, transtorno de ansiedade, crises de autoconceito e baixa autoestima.
A falta de compreensão da doença muitas vezes resulta em preconceito. O mais importante é controlar e orientar o paciente que o que ele tem não é grave, mas que precisa tratar para que melhore a autoestima e possa encarar os mais diversos ambientes sociais com tranquilidade.
(*) Dr. Clay Brites é pediatra, neurologista infantil e um dos fundadores do Instituto NeuroSaber