Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) apresentam sinal de estabilização na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e curto prazo (últimas três semanas) no país, com poucas unidades da federação com sinal de crescimento. O estado do Rio de Janeiro e a capital fluminense são o destaque, por interromperam a tendência de crescimento observado em julho e na primeira quinzena de agosto. É o que demonstra a mais recente edição do Boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada nesta quinta-feira (9).
A análise referente à Semana Epidemiológica 35, que compreende o período entre 29 de agosto e 4 de setembro, e tem como base dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 6 de setembro, alerta sobre a importância de retomar a testagem de demais vírus respiratórios, especialmente em crianças.
Na evolução por faixa etária, entre crianças e adolescentes (0-9 e 10-19), há uma estabilização dos casos de SRAG, em patamar significativamente elevado em comparação ao histórico da pandemia. Para os primeiros, os valores atuais são similares aos observados no pico mais agudo em 2020. Os grupos de 60 anos ou mais apresentam estabilização similar a outubro de 2020, quando foi registrado o valor mais baixo no dado nacional.
De acordo com o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, “a medida que a idade diminui é nítido que o patamar de estabilização é relativamente mais alto em comparação com os valores registrados em 2020. Enquanto a redução expressiva no número de casos de SRAG na população idosa é reflexo do impacto da campanha de vacinação escalonada, que permitiu proteger essa população durante o aumento na transmissão nos meses de abril e maio, a estabilização em valores relativamente mais altos na população mais jovem é reflexo da manutenção de transmissão elevada na população em geral”.
Estados
Observa-se que seis das 27 unidades apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) com destaque para Bahia, Espírito Santo, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rondônia. Dentre as demais, 11 apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo: Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Sergipe e Tocantins. Já o Amapá apresenta sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo (últimas três semanas). Nove unidades apresentam sinal de estabilidade nas tendências de longo e curto prazo: Acre, Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.
Os estados apresentam ao menos uma macrorregião de saúde em nível alto ou superior. E seis deles apresentam ao menos uma macrorregião em nível extremamente elevado: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, alerta que “nos estados em que se observa aumento significativo de SRAG, principalmente em crianças, é importante testagem por RT-PCR dos demais vírus respiratórios que integram o painel de vigilância nacional, principalmente o VSR, para classificação e ações adequadas evitando confusão com a situação da covid-19 nesses estrados”.
Macrorregiões
Em 17 dos 27 estados observa-se ao menos uma macrorregião de saúde com sinal de crescimento nas tendências de longo ou curto prazo: Amazonas, Pará, Rondônia, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Nos demais 9 estados e no Distrito Federal há tendência de longo e curto prazo, com sinal de queda ou estabilização em todas as respectivas macrorregiões de saúde.
Marcelo Gomes explicou que “assim como destacado para os dados agregados por estado e para os dados associados a residentes das capitais, é fundamental que cada município avalie o indicador de transmissão comunitária para identificar se o sinal de estabilidade na tendência de longo ou curto prazo na macrorregião correspondente está ocorrendo já em nível significativamente baixo ou ainda em valores elevados, para evitar retomada de atividades de maneira precoce, podendo gerar manutenção de níveis altos de novas internações e óbitos, além de manter a taxa de ocupação hospitalar em percentuais próximos da saturação”.
Agência Brasil