Foto: Bruno Concha/Secom e arquivo pessoal
A conquista da prata pela “fadinha” Rayssa Leal e pelo Kelvin Hoefler nas Olimpíadas de Tóquio acendeu uma chama nos corações de quem já pratica o skate em Salvador. Campeão baiano em 2015, Rodrigo Santil, de 38 anos, acredita em uma mudança positiva no cenário de apoio e incentivo. “A gente vê que a procura pelo skate está em alta. Muita gente querendo praticar. Acredito que apareçam mais empresas no estado que queiram patrocinar e apoiar o skatista”.
Ganhador de várias outras competições, Santil hoje ajuda a divulgar a prática do esporte em Salvador para os outros estados e também desenvolve um trabalho social orientando crianças e adolescentes que se interessam pelo esporte. Em 2017, ele produziu um documentário, com direção de Jefté Rodrigues, que mostra os pontos turísticos e históricos da cidade pelo ângulo das quatro rodas.
O trabalho foi divulgado no YouTube e teve reconhecimento nacional, incentivando esportistas de outros estados a vir para Salvador para produzir trabalhos parecidos. Já o projeto social de Rodrigo tem um perfil no Instagram: @bx5centrocrew. O trabalho consiste em incentivar meninos carentes a praticar o esporte na cidade.
“Eu vim de uma família humilde, sou da periferia. O skate foi quem me deu uma formação de vida, ampliou as minhas possibilidades e me desviou de caminhos errados. Então, eu tento passar isso para os meninos, principalmente na região do Centro, incentivando a praticar, a participar das competições e ao mesmo tempo orientando sobre a realidade do dia a dia e a não se envolver com drogas”.
Primeira skatista street na Bahia e integrante da Federação Baiana de skate, Marília Gabriela Souza, 39 anos, conta que, depois dos Estados Unidos, o Brasil é o país que tem o maior número de skatistas praticantes e ativos do mundo, e que tem também o melhor skate feminino do mundo. “Não foi surpresa essa medalha ter chegado. Achei até que teríamos mais, diante do nosso posicionamento nos campeonatos mundiais, mas Pâmela estava machucada e as meninas haviam saído do X-game”, diz.
Segundo ela, a cena está linda – as garotas do perfil @dendêcrew fervem a cena do skate feminino na cidade. Além disso, no masculino, há nomes excelentes de iniciantes e amadores. “Um amador nosso que é um dos melhores, e eu estou na torcida, é o Jeferson Santos, conhecido como Jefinho. Eu torço para que ele passe para o profissional logo. Ele está em São Paulo agora. É um dos melhores daqui, filho de skatista, respira o esporte e anda muito”, conta.
Gabriela lembra que começou a frequentar os primeiros campeonatos sozinha – a presença de outras meninas era rara nas décadas de 1990 a 2000. Agora, ela torce por futuras melhorias para o esporte.
“A cena é essa, estamos muito bem representados e eu espero que possamos contar com um olhar sensível do poder público e dos patrocinadores a partir de agora. O skate dá vida e movimento às praças da cidade. As pessoas sentem até mais segurança em frequentar os locais onde estamos praticando, porque sabem que estamos ali dando vida, uso e fomentando os espaços públicos e inclusive o comércio”.
Segundo Petruska Araújo, coordenadora de equipamentos da Diretoria de Esporte e Lazer da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), a pasta tem como um dos projetos fomentar o skate em Salvador. “Estamos buscando ampliar a oferta da prática no programa Skate Salvador na Pista, que ambiciona contemplar os três eixos de trabalho que são: a área educativa, com a formação de crianças e jovens no Skate; a área de requalificação e ampliação das estruturas e espaços para a prática e o último eixo que é o fomento aos eventos e competições de skate na cidade para também trazer crescimento socioeconômico para a capital”, revela.
Manutenção – Ao todo, existem 14 pistas de skate de menor porte na capital baiana, instaladas pela Prefeitura. Na manhã desta sexta-feira (30), a Sempre realizou vistoria em uma delas, situada na Praça João Mangabeira, no Vale dos Barris, e deu largada ao fortalecimento do esporte na cidade. Participaram da ação os engenheiros do órgão municipal, representantes da Federação de Skateboard do Estado da Bahia (Feseb) e líderes comunitários.
Ficou decidido, conforme o secretário da Sempre, Kiki Bispo, que o equipamento construído em 2007, com 1,8 mil m², passará por manutenção com troca do piso, rampas, implantação de nova iluminação com LED, banheiros químicos, bebedouros, construção de sede, dentre outras melhorias. Está nos planos, ainda, a revitalização da pista do Imbuí e Parque dos Ventos. As três, atualmente, servem de ponto de encontro para novas e velhas gerações de skatistas da cidade.
As novidades não param por aí. “Já estão em andamento projetos para implementação de novos equipamentos no bairro de Stella Maris, São Caetano e Cajazeiras V. Afinal, o esporte não é apenas diversão, lazer, mas muda a vida de muita gente, em especial os que estão em situação de vulnerabilidade, e esse é o nosso objetivo maior”, frisa.
Estrutura – Inaugurado em março do ano passado, com um investimento de R$10 milhões, o Parque dos Ventos foi planejado pela Prefeitura para funcionar, não só como uma área de lazer, mas como um centro esportivo voltado para atletas profissionais e amadores. Entre outros equipamentos, o local conta com uma pista de skate street que tem sido muito bem frequentada pelos esportistas. A composição da pista simula obstáculos de rua, com escadarias, rampas e corrimões.
A cidade também conta com pista de skate no Parque da Cidade, São Tomé de Paripe e em muitas das praças administradas pela Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal). Além da João Mangabeira, também possuem o equipamento as praças do Conjunto ACM, na Estrada das Barreiras; Reitor Miguel Calmon, em São Caetano; Stella Maris, na Rua Direta de Stella; Dodô e Osmar, após o final de linha da Ribeira; Conjunto Metro 1, após a Estação Pirajá; e da Matriz, em São Cristóvão.