Pais amorosos que usam o tapa como instrumento pedagógico estão desinformados. É preciso tomar cuidado com certas “verdades” estabelecidas, mesmo que passadas de geração a geração. Não se pode dizer que crianças que apanharam tornaram-se um adulto melhor; mas o inverso já está fartamente atestado.
Não há comprovação de que as agressões físicas (tapas, beliscões, podendo chegar a surras) levadas na infância contribuíram para uma vida adulta melhor. Ao contrário, especialistas que se dedicaram à questão da violência contra crianças e adolescentes já comprovaram, com base em estudos clínicos, que crianças vítimas de maus-tratos carregam, pela vida afora, males diversos, destacando-se as “doenças da alma”: terrores, infelicidades, depressão, angústia, estresse e medo.
Nos consultórios e serviços de saúde apresentam-se com certa regularidade casos de violência cometida pelos familiares contra crianças e adolescentes. Muitos adultos que usam de violência física ou psicológica contra crianças alegam que a criança apanha porque merece. Isso leva a vítima a acreditar que é merecedora de maus-tratos. Da palmada (que na verdade é uma pancada) até a tortura de se viciar a criança com uma colher em brasa, o caminho pode ser, muitas vezes, mais curto do que parece.
Quando uma criança externa que apanha porque merece, está manifestando um sintoma de baixa autoestima que vai comprometer sua plenitude ao chegar à idade adulta.
Extinguir o hábito de adultos baterem em crianças em um momento de desequilíbrio emocional é o caminho mais curto para reduzir a agressividade que está caracterizando a sociedade brasileira.
Crianças e adolescentes são, como qualquer outra pessoa, sujeitos de direitos. Educar exige mais do que paciência. Exige persistência, carinho e a certeza de que é difícil em alguns momentos, mas possível, e muito mais promissor para o futuro de seus filhos.
Felizmente, muitos dos adultos que em criança sofreram maus-tratos, agora, escaldados, não repetem o modelo agressor. s
ebc