Cinquenta e quatro milhões de brasileiros de 14 anos de idade ou mais cuidaram de parentes moradores ou não no domicílio, em 2018. Isso representou uma taxa de realização de cuidados de 31,8%, superando a detectada no ano anterior, de 31,5%.
O índice subiu para os homens de 25,6%, em 2017, para 26,1%, no ano passado, enquanto permaneceu estável de um ano para outro entre as mulheres (37%).
As informações constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), referente a outras formas de trabalho, divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), outras formas de trabalho compreendem afazeres domésticos, cuidados com pessoas, produção para próprio consumo e trabalho voluntário.
O Distrito Federal mostra a menor diferença entre homens e mulheres no cuidado com pessoas, da ordem de 6 pontos percentuais (27,1% dos homens e 33,1% das mulheres). “É o menos desigual”, apontou Maria Lúcia Vieira.
O estado que realizou mais cuidados com pessoas, moradoras ou não em seu domicílio, em 2018, foi o Amapá, onde 47,3% das pessoas cuidam de algum parente. Em contrapartida, o Rio de Janeiro é o que apresenta menor percentual: 27,5%. Segundo a economista, são as mulheres fluminenses que estão puxando a taxa para baixo.
O maior percentual de pessoas que recebem cuidados é observado para crianças de 6 a 14 anos de idade em todo o Brasil: 50,1%. A gerente da PNAD destacou que os cuidados podem ser realizados para mais de uma pessoa.
O maior percentual de atividade para os dois sexos foi registrado em monitorar ou fazer companhia no domicílio: 91,6 % das mulheres fazem companhia dentro de casa para as crianças contra 87,9% dos homens. Quando se analisa os cuidados pessoais, como dar banho, vestir, o percentual de homens e mulheres muda bastante: 85,6% das mulheres cumprem a tarefa de auxiliar nos cuidados pessoais, contra 67% de homens.
Nas atividades educacionais, foram apurados os percentuais de 72% para as mulheres e 60,7% para os homens. Para ler, jogar ou brincar, as taxas foram 77% para as mulheres e 63,7% para os homens. Transportar ou acompanhar para a escola ou médico registraram 72,6% para mulheres e 69,3% para homens.
Consumo próprio
A taxa de realização de produção para o próprio consumo alcançou 7,7% no país em 2018 e vem crescendo desde 2016, quando foi de 6,3%, passando para 7,3% em 2017. O Piauí foi o estado que registrou a maior taxa (21,2%), em 2018, enquanto o Rio de Janeiro mostrou a mais baixa (1,4%). Maria Lúcia explicou que a maior parte da produção está relacionada à agropecuária, que não é muito intensiva no Rio de Janeiro. “É por isso que esse percentual é baixo”.
O trabalho de produção para o próprio consumo compreende quatro conjuntos de atividades: cultivo, pesca, caça e criação de animais; produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material; fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos; e construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras de construção. Em 2018, 8,4% da população masculina se dedicavam à produção para próprio consumo, contra 7% de mulheres, em nível nacional.
As taxas mais altas foram observadas nas regiões Nordeste (10,9%) e Norte (10,2%), embora a taxa tenha ficado abaixo da registrada em 2017 (11,1%). A avaliação por faixa etária mostra que a produção para o próprio consumo se eleva com a idade: entre os que estão com 50 anos ou mais, a taxa era de 11%, em 2018, contra 3,4% entre os jovens de 14 a 24 anos, e 7,2% entre 25 e 49 anos de idade. A tendência foi percebida em todas as regiões do país, com o Nordeste e o Sul exibindo as maiores taxas para as pessoas com 50 anos ou mais de idade (14,8% e 14,7%, respectivamente).
Trabalho voluntário
Em relação ao trabalho voluntário, que é feito sem remuneração em dinheiro e realizado durante pelo menos uma hora na semana de referência, com objetivo de produzir bens ou serviços para terceiros, ou seja, pessoas não parentes e não moradoras no domicílio, a média Brasil apurada em 2018 foi 4,3%, sendo 3,4% homens e 5% mulheres. Trabalhos realizados em organizações não governamentais (ONGs), sindicatos e congregações religiosas são exemplos de trabalho voluntário. O quantitativo da população dedicado a esse tipo de trabalho era de 7,3 milhões de pessoas, em 2017, e caiu para 7,2 milhões, em 2018.
“A gente acha que esse valor (4,3%) é subestimado, porque as pessoas não se percebem realizando esse trabalho voluntário como é definido pelas organizações internacionais”, afirmou a economista. O número cresceu em relação a 2016, quando foi de 3,9%, mas se manteve estável em relação a 2017 (4,4%). Maria Lúcia esclareceu que em números absolutos, o resultado deve ser maior, porque a população aumentou de 2017 para o ano seguinte.
Por regiões, o Sul brasileiro apresentou a taxa mais alta de trabalho voluntário em 2018 (4,9%), seguida do Centro-Oeste, Norte e Sudeste (4,6% cada). A taxa mais baixa coube à Região Nordeste (3,1%). O estado que faz mais trabalho voluntário é o Amapá, com 5,8% da população. O Amapá também apresenta o maior percentual de mulheres voluntárias do país (7%).
Já o Distrito Federal detém a maior taxa de homens trabalhadores voluntários (4,8%), seguido do Amapá, com 4,6%, Em contrapartida, em Alagoas somente 1,3% da população realiza trabalho voluntário.
O voluntariado aumenta em função da escolaridade. A pesquisa mostra que, entre as pessoas com ensino superior completo, 8% realizam trabalho voluntário no Brasil. Entre as pessoas sem instrução ou com o ensino fundamental completo, o percentual reduz para 2,9%. Por grupos de idade, as pessoas com 50 anos ou mais exercem mais trabalhos voluntários (5%), contra 2,6% na faixa etária de 14 a 24 anos e 4,4% na faixa de 25 a 49 anos.
A análise pela frequência revela que 48,4% das pessoas que realizam trabalhos voluntários o fazem por quatro ou mais vezes por mês. Por horas, a média Brasil em 2018 foi de 6,5 horas semanais dedicadas a atividades voluntárias.
Agência Brasil