O consumidor se mostra desacreditado em relação a uma recuperação da economia no segundo semestre, segundo detectou pesquisa feita pelo SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com 600 pessoas em todo País. Para 47% deles, a economia não deve se recuperar entre julho e dezembro. Apenas 29% dos brasileiros nutrem alguma esperança de que o País volte a crescer ainda em 2017. Na comparação com o primeiro semestre, 38% acreditam que, nos próximos meses, a economia permanecerá na mesma toada, enquanto 14% acreditam que será pior. Para 30%, a situação tende a melhorar até o fim do ano. Quando a análise se detém à situação financeira do entrevistado, os números não diferem tanto. Para 13%, o segundo semestre será pior, 35% pensam que será igual, ao passo que outros 35% têm esperanças de que haja alguma melhora. Entre aqueles que apostam na piora da vida financeira, mais da metade (57%) justifica dizendo que a economia do País não deverá melhorar, impactando por consequência o bolso dos brasileiros. Também aparece com destaque o fato de a situação financeira estar difícil (40%), a falta de expectativa em conseguir alguma fonte de renda (34%) e o medo de ficar desempregado (16%). Dentre os 70% dos entrevistados que vislumbram um cenário de dificuldade para realizar algum plano em 2017, os mais citados são formar uma reserva financeira (47%) e comprar um carro (37%). Receosos de que a crise se prolongue por mais um tempo, os brasileiros começam a preparar o orçamento para momentos de aperto. Nesse sentido, 25% dos entrevistados pretendem evitar, nos próximos seis meses, o uso do cartão de crédito e 23% planejam fazer mais pesquisas de preços. Há ainda 21% de brasileiros que vão passar a dar prioridade para pagamentos à vista e 20% que vão tentar aumentar a renda com trabalhos extras. “Medidas como a organização das contas e o uso consciente do cartão de crédito podem fazer diferença no orçamento ao longo de todo o ano, uma vez que não há previsão de quando haverá recuperação da economia”, avalia a economista da SPC Brasil, Marcela Kawauti. De acordo com ela, o consumidor sabe que as compras parceladas representam risco de endividamento, situação que poderia fugir ainda mais ao controle em caso de desemprego. Se para o mercado financeiro a redução da inflação e da taxa básica de juros (Selic) já diz muito, para o consumidor comum o pretenso alívio ainda não chegou. Para 76% de um total de 600 consumidores ouvidos na pesquisa, a vida financeira continuou igual ou pior ao longo do primeiro semestre comparativamente ao mesmo período do ano passado. Apenas 19% dos consultados consideram que houve alguma melhora no período avaliado. A percepção predominantemente negativa se mantém elevada em todos os estratos analisados, como gênero, idade e classe social. A pesquisa abordou consumidores de todas as idades a partir de 18 anos nas 27 capitais do País. A avaliação que os entrevistados fazem do desempenho da economia do País como um todo vai na mesma direção. Para 39% dos entrevistados, as condições da economia brasileira pioraram nos seis primeiros meses deste ano em relação ao ano passado, enquanto para 38%, ela se manteve do mesmo jeito. De modo inverso, apenas 19% acreditam que houve melhora ao longo do período. “A reconquista da confiança dos brasileiros ainda demandará tempo e depende de resultados mais palpáveis no campo econômico. No momento, a condição para que a economia melhore é a solução do impasse político e a aprovação das reformas estruturais, como a da Previdência e a trabalhista”, avaliou o presidente da CNDL, Honório Pinheiro. De acordo com ele, as projeções indicavam que o início da recuperação se daria ao longo do segundo semestre. “Agora, porém, levantam-se muitas dúvidas sobre essa possibilidade acontecer neste ano”, disse Pinheiro. Ainda segundo o levantamento, três em cada dez consumidores atribuem a piora nas finanças à diminuição da renda ou desemprego e 57% dos brasileiros passaram a fazer bicos em 2017 para complementar a renda. Já entre a minoria que notou alguma melhora na situação financeira pessoal, a razão mais citada é o controle do próprio orçamento, mencionado por 37% desses entrevistados. Resultado do dinheiro mais curto, afirmam o SPC Brasil e a CNDL, é que 38% dos entrevistados foram parar nos cadastros de inadimplentes pelo não pagamento das contas. Mais da metade, ou 51% dos consumidores, admitiu ter ficado vários meses ao longo deste ano com as contas no vermelho e 56% não estão conseguindo pagar todas as contas em dia. Neste ano, 80% dos consumidores que participaram da pesquisa disseram que se viram obrigados a fazer cortes no orçamento ao longo do primeiro semestre deste ano para lidar com os efeitos da crise. O principal item cortado por esses consumidores foi a alimentação fora de casa, segundo 57% pessoas. Outros produtos e serviços que também deixaram de ser prioridades para o brasileiro foram a aquisição de roupas, calçados e assessórios (55%), idas a bares e restaurantes (53%), gastos com lazer e cultura, como cinema e teatro (51%), viagens (51%), idas a salões de beleza (50%) e a compra de itens supérfluos nos supermercados, para 50% dos consultados.
Bahia Notícias