Um dos intermediários do recebimento de propinas para o ex-governador Jaques Wagner, de acordo com a Polícia Federal, o empresário Carlos Daltro, ex-executivo da OAS, viabilizou demandas do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, junto ao governo da Bahia. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, os documentos do inquérito que teve Pessoa como alvo registram troca de e-mails entre ele e Daltro em 2014. O empreiteiro pede ao empresário que o ajude na aprovação de um pedido de outorga de água do Rio Paraguaçu para irrigação junto a um órgão ligado à Secretaria de Meio Ambiente. A medida beneficiaria um amigo de Pessoa, o empresário João Augusto Calasans – a PF apurou que este solicitou que a entrega de uma carta com o pedido de outorga diretamente ao secretário chefe da Casa Civil da época, o atual governador, Rui Costa. “O bom é que estamos em período eleitoral, assim fica mais fácil colocá-lo na parede”, disse Calasans, em menção à disputa eleitoral que acabou sendo vencida por Rui naquele ano. Pessoa, porém, não procurou Rui ou Wagner, mas entregou o pedido a Carlos Daltro. “Peço-lhe que ajude nosso amigo Calasans neste pedido recorrente a algum tempo”. A resposta foi encaminhada uma semana depois: “Ricardo, entreguei a ‘ELE’ e na mesma hora, no paper do agricultor, fez um bilhete para o sec. da área [secretário de Meio Ambiente]. Mande Rezar”. A solicitação de outorga só foi concedida, no entanto, em outubro de 2015, já na gestão de Rui. A autorização concedeu o direito de uso de águas do rio Paraguaçu para irrigação na fazenda de Calasans em Itaberaba (264 km de Salvador) por quatro anos. A outorga previa vazão de 3.183 metros cúbicos de água/dia para irrigação de uma área de cerca de 50 hectares.