Até o fim de 2019, o Brasil terá descoberto cerca de 12,5 mil casos de câncer infantojuvenil em todo o território nacional. A previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) considera que a incidência da doença nessa faixa etária representa cerca de 3% de um total estimado de 420 mil novos casos. As regiões Sudeste e Nordeste, segundo o Inca, terão os maiores números de novos diagnósticos (5,3 mil e 2,9 mil, respectivamente), seguidas pelo Centro-Oeste (1,8 mil), Sul (1,3 mil) e Norte (1,2 mil).
No entanto, segundo a oncologista pediátrica e diretora técnica do Hospital da Criança José de Alencar, Isis Magalhães, o câncer em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos tem chances de cura entre 70% e 80%, dependendo do tipo de tumor.
Características e tipos
De acordo com Isis, o câncer na criança tem uma “biologia muito distinta” daquele que acomete adultos, porque geralmente ataca células formadoras do organismo, que têm, segundo a pediatra, “um comportamento mais sistêmico”. Ou seja, trata-se de um câncer que, normalmente, dissemina-se por todo o organismo.
“Apesar dessa agressividade, é um câncer paradoxalmente mais sensível à ação da quimioterapia e aos medicamentos. Portanto, a chance de cura é maior”, explica.
Ainda não há nenhuma associação epidemiológica que determine fatores causadores do câncer infantojuvenil. Portanto, não há também medidas preventivas. “A maior providência contra a doença é o diagnóstico o mais precoce possível”, destaca a médica.
Os tipos de câncer mais frequentes entre 0 e 19 anos são aqueles que atacam o tecido formador do sangue, a medula óssea. Esse câncer recebe o nome de leucemia e corresponde, segundo Isis Magalhães, a cerca de 43% de todos os casos. Entre eles, a Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é a mais frequente.
O desafio de lutar contra a LLA foi enfrentado por Iorrana Anjos, moradora de Formosa (GO). No dia 13 de fevereiro de 2019, aos 17 anos, ela recebeu o diagnóstico de remissão completa [quando a equipe médica confirma a estagnação das atividades do câncer], após dois anos sem quimioterapia e sem alteração nos exames. O pai, Ederson Pereira dos Anjos, de 37 anos, ressalta a importância de seguir rigorosamente as orientações médicas.
“A Iorrana alcançou a cura porque seguimos todas as orientações à risca, sem deixar escapar nenhuma, como ter uma alimentação saudável, evitar aglomerados de pessoas e esterilizar as mãos”, conta.
Tratamento gratuito
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para todos os tipos de câncer infantojuvenil. Cada caso conta com um tratamento e abordagem individualizados, coerente com as características da doença no paciente. A assistência especializada abrange sete modalidades integradas de tratamento: diagnóstico, cirurgia oncológica, radioterapia, quimioterapia (oncologia clínica, hematologia), medidas de suporte, reabilitação e cuidados paliativos.
Atualmente, a Rede de Atenção Oncológica está formada por hospitais habilitados como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon). Cada um desses estabelecimentos tem autonomia para adotar protocolos próprios, sempre levando em conta que são responsáveis por oferecer assistência geral, especializada e integral ao paciente, atuando no diagnóstico, estadiamento e tratamento.
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