O mês de Dezembro é diferenciado para os taxistas. Tradicionalmente é a época em que eles podem cobrar a Bandeira 2. Trata-se de uma espécie de 13º salário para o motorista, já que a diferença entre as duas tarifas é de cerca de 32%. Salvador ainda aguarda a liberação desta medida, que ocorre todos os anos, porém alguns trabalhadores ainda estão divididos.
Quem também falou que vai aderir à Bandeira 2 é Roque Nunes, de 71 anos. Ele também aproveitou para falar sobre a situação do Uber. “Eu não quero impedir ninguém de trabalhar, acho que todos têm direito, porém eu acho absurdo que eles não paguem imposto e a gente pague, assim não tem como concorrer!”, disse o profissional.
Entretanto, nem todos vão cobrar o valor mais alto no fim do ano. É o caso de Jaílson Lima da Silva, de 40 anos, que lamentou tal liberação. “Caso passe, eu vou ter que utilizar, porém eu não ia gostar muito não… Vai piorar ainda mais a nossa situação em relação à concorrência aí, principalmente do Uber. Se tiver, tenho que adotar, porém preferiria que isso não fosse válido para este ano por causa desta situação”, afirmou Jaílson.
Em 2016, a bandeirada passou de R$ 4,35 para R$ 4,81. A bandeira 1 custa R$ 2,42 por quilômetro rodado e a bandeira 2 R$ 3,38. O valor para hora parada ficou em R$ 24,12. Caso seja autorizada a cobrança da tarifa extra durante todo o dia, o aumento vai começar no dia 1º de Dezembro e vai terminar no dia 31. A decisão sobre a liberação ou não desta medida acontece nos próximos dias.
Qual é a saída?
O taxista Washington Miranda, de 56 anos, deu soluções para os clientes que não estiverem satisfeitos com este aumento da tarifa em dezembro. “A gente pode sempre negociar com o passageiro. A depender do local, a gente pode cobrar bandeira 1 ou bandeira 2, ou estabelecer um preço antes. O importante é conversar e conseguir esta renda extra aí, porque este ano, com o aparecimento do Uber, as coisas ficaram muito difíceis e estão difíceis ainda. Espero que este mês de dezembro as coisas possam melhorar pra categoria”, acredita Washington.
João Adorno, taxista há oito anos, representante da Teletaxi, afirma que a empresa não vai aderir a Bandeira 2 neste ano. “O usuário que solicitar o serviço de táxi pelos nossos canais de comunicação, não vão pagar a tarifa extra”, revela. “Tomamos essa decisão, primeiro pela situação econômica do Brasil, e também pela concorrência desleal que estamos sofrendo na cidade”, completa.
“A situação econômica do Brasil tirou cerca de 30% da nossa receita. A liberação dos aplicativos tirou mais 30%. Hoje o taxista leva para casa apenas 40% do que fazia antigamente. Atendíamos 10 clientes e fazíamos uma média de R$ 200. Hoje em dia, para atingir esse valor, temos que atender 20 clientes. Também tivemos que dobrar a quantidade de horas trabalhadas”, afirma João.
Varela Notícias