O presidente Michel Temer deve usar o recesso parlamentar para tentar tirar a denúncia contra ele da agenda política e emplacar discurso de retomada da discussão das reformas governistas. De acordo com o jornal Folha de S Paulo, a estratégia da equipe presidencial é atribuir novamente ao presidente o selo de “reformista”, em um esforço para reverter o clima de incerteza com a votação no plenário da Câmara da denúncia contra ele por corrupção passiva.
Os parlamentares do Congresso entram em “férias” de duas semanas a partir desta terça-feira (18). A votação da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) pelos deputados está marcada para o dia 2 de agosto. Entretanto, o Planalto já trabalha para empurrá-la para setembro, apesar da resistência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Temer sabe do risco de surgirem novos fatos contra ele neste período de recesso, como uma nova denúncia da PGR, desta vez por obstrução de Justiça, e as possíveis delações premiadas em negociação do ex-deputado Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro.
O peesedebista avalia, porém, que é urgente buscar uma reaproximação com investidores e empresários. Isso porque, no início de julho, quando ganhou força a ideia de Maia substituir Temer, agentes de mercado já precificavam a queda do peemedebista.
Por esse esforço passa um movimento para destravar a reforma tributária, emperrada desde abril, e rediscutir a previdenciária, com a abertura da possibilidade de fatiamento e flexibilização do texto original.
No sábado (15), Temer almoçou no Jaburu com os ministros Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Mendonça Filho (Educação). No domingo (16), recebeu Torquato Jardim (Justiça).
A ofensiva do presidente terá início nesta segunda (17), quando gravará vídeo defendendo as mudanças na legislação trabalhista aprovadas na semana passada pelo Senado e em defesa do prosseguimento das reformas. Na quarta (19), deve se reunir com as centrais sindicais.
A intenção de Temer é apresentar no retorno do Congresso a medida provisória com mudanças nas regras do PIS e da Cofins.
O movimento seria uma forma, na avaliação de assessores, de tentar causar impacto positivo no momento em que o plenário da Câmara deve votar a denúncia.
No final de julho, ele se reunirá com a base aliada para discutir se há espaço para votar o texto aprovado da reforma previdenciária ou se ele terá de ser reduzido, mantendo, por exemplo, apenas a idade mínima. Ele também discute gravar vídeo convocando pré-candidatos à sucessão presidencial a apoiarem as novas regras.