A temporada de observação de jubarte em Salvador será aberta oficialmente na próxima segunda-feira (15) pelo Projeto Baleia Jubarte, em parceria com a Prefeitura de Salvador e o Museu Náutico da Bahia. Nesta temporada, além da observação dos cetáceos, que já é feita no Museu Náutico da Bahia (Farol da Barra), a população vai poder conferir uma exposição de placas e uma réplica caudal de baleia, no Forte de Santa Maria, na Barra.
A partir do dia 15, o projeto estará no Museu Náutico da Bahia, em parceria com a instituição, atendendo às pessoas que visitam o equipamento. No local serão disponibilizados binóculos para a observação. Além disso, as empresas Shark Dive e a Apolônio Turismo Náutico realizam o turismo de observação de baleias no mar (em embarcações) em parceria com o projeto. Os passeios ocorrem fora da Baía de Todos-os-Santos, entre a Barra e a Pituba.
Segundo coordenador do projeto em Salvador, Gustavo Rodamilans, o turismo de observação de baleias tem tido um acréscimo muito grande na cidade, graças ao trabalho realizado pelo projeto, apoiado pela Prefeitura. Inclusive, já houve registro de turistas que tiveram a observação das baleias como primeira opção para vir à capital.
Números – Na temporada do ano passado, o projeto registrou a participação de 750 turistas para a observação realizada em Salvador, além de 28 embarques e 1.098 quilômetros navegados. Ao todo, 187 baleias foram avistadas apenas durante a observação feita no Museu Náutico, 72 grupos dos cetáceos foram registrados e 32 foi o recorde de baleias vistas no mesmo passeio. No Farol da Barra, 3,8 mil pessoas foram atendidas pelo projeto e 53.561 participaram da exposição de fotos.
Para o diretor de turismo da Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult), Márcio Franco, o acréscimo só demonstra o imenso potencial para transformar Salvador em um polo de turismo de observação de cetáceos. “Vamos continuar trabalhando para aprimorar essa atividade sustentável, sempre respeitando o comportamento natural desses incríveis animais. Com a colaboração de todos, pretendemos consolidar Salvador não apenas como a capital da alegria e da cultura, mas também como um destino de destaque no turismo de observação”, afirma.
Rodamilans destaca que desde o início do trabalho de conservação das baleias, o Projeto Baleia Jubarte acredita que uma das formas de conservar esses animais é por meio da aproximação. “Por isso a gente fomenta e incentiva esse turismo de observação com um trabalho robusto em todo o litoral brasileiro e também aqui em Salvador. O turismo de observação de baleias é um turismo que gera cerca de 1 bilhão de dólares por ano no mundo e tem um potencial muito grande, principalmente, em algumas cidades”, conta.
Ele acrescenta que Salvador apresenta vantagens para a observação. “A primeira delas é que o observador consegue ver as baleias em uma área muito próxima e a segunda é que, ao sair de barco, as pessoas têm uma vista belíssima da cidade, uma vista de mar para a terra, caracterizada pela beleza da Baía de Todos-os-Santos, que faz com que o passeio seja muito agradável”, diz.
Santa Maria – O Forte Santa Maria terá a exposição Salvador das Baleias, que contará com dez placas informativas contendo texto e imagens sobre a reprodução, biologia e comportamento das baleias. As fotos são explicativas e haverá equipes em alguns momentos para fazer o atendimento aos turistas.
Escolas – O projeto também fará um trabalho de educação ambiental junto às escolas municipais com cartilhas chamadas Momo, que contam a história de um filhote de baleia. A cartilha foi produzida em aquarela por uma equipe do projeto e teve 2 mil exemplares impressos pela Prefeitura. Em data a ser definida, junto à Secretaria Municipal da Educação (Smed), o projeto estará nas escolas para apresentar o material às crianças de 6 e 7 anos. Após a apresentação, os pequenos vão poder levar as cartilhas para casa.
“Essa cartilha foi baseada na Pedagogia Waldorf e retrata os aprendizados que o filhote de baleia tem. A gente faz um paralelo ao processo de aprendizagem das crianças na primeira infância, ao apego à mãe, às novas conquistas, aos desafios e ao conhecimento de um mundo novo. Na cartilha há um QR Code e os pais vão poder acessar a narração, pois o material é ilustrado, e também um curta-metragem contando a história de Momo”, explica Rodamilans.
A intenção é trabalhar a ludicidade por meio de algo desconhecido, mas que pode ser relacionado com as próprias vidas dos pequenos. “Trabalhamos, inclusive o escutar para que eles possam ter um momento de reflexão e de interpretações livres sobre a vivência de Momo. Ficamos muito felizes com a produção desta cartilha e em poder aplicá-la na primeira infância, que é um público às vezes difícil de alcançar com a educação ambiental”, complementa.
Aparições – De julho a outubro, as baleias-jubarte saem da Antártica à procura de águas mais quentes e calmas para ter os seus filhotes, amamentá-los e realizar os seus rituais de acasalamento. A estimativa da população de baleias na costa brasileira é de 30 mil. A recuperação populacional dos cetáceos vem sendo observada desde que a espécie deixou de ser caçada no Atlântico Sul.
Desde o final de maio, esses mamíferos estão sendo vistos em Salvador, apesar de a temporada de observação só começar oficialmente este mês. No último sábado (6), um deles foi visto por um pescador na Baía de Todos-os-Santos. Em junho, algumas pessoas registraram a aparição da jubarte em área próxima do Terminal da Feira de São Joaquim e na praia do Porto da Barra.
Para quem está navegando, a orientação é que as regras de observação sejam respeitadas, entre elas a distância mínima permitida de 100 metros por segurança tanto do animal como de quem está embarcado.
Fotos: Bruno Concha/Secom PMS