O que deveria ser um encontro rápido e sem polêmicas, acabou se tornando ríspido e demonstrou a tensão que se mantém entre Estados Unidos e China. A conversa entre o secretário de Estado americano Mike Pompeo e o ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, na última segunda-feira (8), deixou claro, ainda, que as divergências vão muito além da disputa comercial.
A reunião foi marcada por uma troca de farpas entre ambas as partes. Pompeo foi à China apenas de passagem, para atualizar o governo chinês a respeito das últimas conversas que teve com o ditador norte-coreano Kim Jong-un. E acabou ouvindo o que não queria.
A começar pela velha cobrança em relação à aproximação que os Estados Unidos têm com Taiwan, considerada uma província pela China. Desde 1949, após idas e vindas, a região rompeu o vínculo com a China, após abrigar membros do partido de resistência ao domínio comunista imposto após a vitória na Revolução de 1949, comandada por Mao Tsé-Tung.
Cobranças sobre Taiwan
Logo após o aperto de mãos, Yi emendou, no encontro na Casa de Hóspedes Diaoyutai de Pequim, diante da imprensa e parecendo pegar Pompeo de supresa:
“Recentemente, assim como o lado dos Estados Unidos vem escalando constantemente o atrito comercial com a China, também adotou uma série de ações quanto à questão de Taiwan que fere os direitos da China, e fez críticas infundadas das políticas doméstica e externa da China.”
Mesmo em meio a formalidades diplomáticas, que amenizaram a severidade do tom, Pompeo teve pouco tempo para elaborar uma resposta que unisse diplomacia e contundência. E logo ouviu novas cobranças fortes do ministro chinês.
“Acreditamos que este foi um ataque direto contra nossa confiança mútua, e lançou uma sombra nas relações China-EUA”, completou, deixando claro que esta questão política é mais uma pendência entre ambos os países, em um momento em que a China se afirma cada vez mais no cenário econômico mundial, utilizando inclusive, muitos recursos para financiamento militar.
Pompeo, por fim, encontrou palavras para rebater a reprimenda e não descontentar o presidente Donald Trump, avesso a qualquer exposição que fragilize o governo americano em público.
“Nas questões que você caracterizou, temos uma discórdia fundamental. Temos grandes preocupações com as ações que a China adotou, e espero ter a oportunidade de debater cada uma delas hoje porque este é um relacionamento incrivelmente importante.”
Controle do Mar da China
Uma das questões a que Pompeo se referiu diz respeito a movimentações, de caráter unilateral, que, segundo os Estados Unidos, a China estaria realizando no Mar do Sul, da China.
A região é um núcleo de disputas territoriais entre Estados como China, Taiwan, Brunei, Malásia, Filipinas e Vietnã. O Japão também reivindica a ilha de Senkaku, na região, e considera que qualquer manobra chinesa pode interferir na rota comercial da área, preocupação compartilhada pelos americanos. Os Estados Unidos, por sinal, preferem que a região seja considerada como de “águas internacionais.”
Nos últimos meses, os dois países travam também uma disputa comercial. Em agosto, por exemplo, o governo americano implementou tarifas de importação de 25% sobre vários produtos chineses. A China, no dia seguinte, também aplicou tarifas sobre produtos americanos e afirmou que apresentaria queixa à OMC (Organização Mundial de Comércio).
R7