Wolfe tinha 87 anos e estava internado em um hospital por conta de uma infecção.
Seu estilo inovador e o tom irônico marcaram sua produção jornalística, que lhe valeu espaço espaço entre os fundadores de um movimento que mudou a forma de se fazer reportagens, o new journalism —novo jornalismo, em tradução livre.
É dele, inclusive, em co-autoria com E.W. Johnson, o livro considerado o manifesto deste movimento. “The New Journalism”, publicado em 1973, era uma antologia de textos de autores diversos que inovaram o texto e a prática jornalística.
A aproximação entre a literatura e o jornalismo na forma não apenas da escrita, mas também na apuração dos fatos, incluindo longas observações e abrindo espaço para um olhar que se poderia dizer mais autoral do que técnico, estão presentes na sua obra jornalística. Além dos textos publicados em diversos jornais e revistas importantes dos EUA, Wolfe também publicou livros que fazem parte da história do jornalismo literário como “Radical Chique”.
Wolfe sempre defendeu que o ponto de vista do repórter fazia parte da notícia, por isso evitava cobrir seus rastros em seus escritos.
Durante boa parte de sua carreira, Wolfe se dedicou a escrever livros de não-ficção. Sua postura literária é de que era chegado o tempo de perceber que o romance não era o maior gênero literário dos Estados Unidos.
Até que ele decidiu se aventurar pela ficção, escrevendo “Fogueira das Vaidades”, um de seus maiores sucessos.
Escreveu 17 livros e foi indicado a dezenas de prêmios por seus livros ou por suas investigações.
Beisebol, jornalismo e literatura
A experiência de Tom Wolfe com o jornalismo vem da juventude. Na escola, ele já era um dos editores do periódico escolar.
Ao ingressar na faculdade, onde estudou inglês, ele também atuou como editor do jornal de esportes — jogava beisebol desde a infância — e ajudou a fundar a revista literária Shenandoah. Depois de formado, em 1952, ele tentou se profissionalizar no esporte. Participou de uma seleção do New York Giants, mas foi cortado três dias depois.
Buscou então o caminho do jornalismo, iniciando sua trajetória em Massachusetts, passando por Washington até chegar em Nova York, cidade que adotou e que o abrigou até o fim de sua vida.
Enquanto trabalhou na capital dos Estados Unidos como repórter do The Washington Post, entre 1959 e 1961, preferiu retratar cenas da periferia aos bastidores políticos, sonho da maioria dos repórteres. Ele próprio se descreveria como um “desinteressado em política”.
Chegando em Nova York, ele foi contratado pelo New York Herald Tribune para trabalhar com suas longas reportagens, subvertendo as regras do jornalismo até aquele momento.
A ele se juntaram Truman Capote, Gay Talese, Joan Didion e outros que decidiram mesclar gêneros literários com a reportagem, fazendo com que surgisse o estilo que é conhecido no Brasil como jornalismo literário.
Wolfe morreu deixando uma esposa, dois filhos e um novo jornalismo como legado.