A estenose aórtica degenerativa, estreitamento progressivo da válvula aórtica causado pelo envelhecimento e acúmulo de depósitos calcificados, compromete o fluxo sanguíneo do coração para a artéria aorta e pode causar fadiga, falta de ar, dor no peito, palpitações e tonturas. Se não tratada adequadamente, a condição pode ser séria e potencialmente fatal. Inicialmente, a única possibilidade de tratamento era a cirurgia invasiva de troca valvar. No entanto, cerca de 30% dos pacientes idosos não são elegíveis para esse procedimento. Recentemente, uma alternativa minimamente invasiva tem se mostrado promissora, especialmente para as mulheres, conforme destaca um artigo recentemente publicado na Revista Internacional de Ciências Cardiovasculares. Trata-se do Tratamento Transcateter (TAVI) que, feito através de uma punção minimamente invasiva na virilha, apresenta-se como uma solução para pacientes com risco proibitivo ou alto de realizar a cirurgia aberta.
A pesquisa, que revela um aumento da prevalência da doença valvar aórtica calcificada no Brasil, aponta que as mulheres apresentam taxas de mortalidade proporcionalmente mais altas em comparação aos homens. Além de apresentarem a forma mais grave da doença, com menos calcificação valvar, muitas mulheres apresentam sintomas menos evidentes e maior comorbidade, fatores que podem levar ao diagnóstico tardio e afetar os resultados dos procedimentos. Por isso, o estudo “Estenose aórtica degenerativa em mulheres: Desafios e Perspectivas” enfatiza a importância da precisão na identificação de sintomas em mulheres para garantir diagnósticos assertivos e intervenções oportunas.
A boa notícia é que o TAVI comprovadamente tem se revelado mais favorável às mulheres, possivelmente por suas características anatômicas derivadas principalmente de uma menor superfície corporal. Contudo, de acordo com o cardiologista intervencionista Sérgio Câmara, “na hora de decidir entre a cirurgia de troca valvar ou TAVI e de escolher a prótese valvar adequada, é preciso considerar não só o gênero e a idade, mas também a anatomia, a presença de comorbidades, a preferência do paciente e a avaliação da viabilidade cirúrgica”, explicou.
O artigo da Revista Internacional de Ciências Cardiovasculares destaca, ainda, que a substituição cirúrgica da válvula aórtica e o TAVI são as únicas abordagens capazes de alterar a qualidade de vida e o prognóstico da estenose aórtica degenerativa. No entanto, “a demora na intervenção após o surgimento dos sintomas pode resultar em uma taxa de mortalidade superior a 50%, especialmente em pacientes com doença sintomática após dois anos”, destacou o especialista em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Sérgio Câmara.
Em geral, para pacientes com mais de 75 anos, o TAVI tem sido a primeira opção de tratamento da estenose aórtica. Regulamentado pela Anvisa, o implante é coberto por planos de saúde e, desde 2022, foi incluído no rol de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de pacientes de alto e altíssimo risco.