A união de filosofia e carnaval pode parecer inusitada, mas deu numa mistura pra lá de agitada na abertura da folia do palco principal do Carnaval do Pelô nesta segunda-feira (27). A proposta criada pela banda Cena Tropifágica prestou homenagens ao tropicalismo e a Jorge Mautner, um dos principais influenciadores do movimento, e também levou ao palco Mariella Santiago e Bem Gil.
A Tropifagia é um conceito filosófico que tem como significado “Comer o País Tropical”, e tem entre as influências o Movimento Antropofágico, o mangue beat e o próprio tropicalismo. A partir dessa união de pensamentos, nasceu o Coletivo Cena Tropifágica, que reúne músicos, fotógrafos, videomakers. A banda, nascida no coletivo, existe há quatro anos. “A partir de toda essa memória, de toda a bagagem cultural que o país tem, a gente busca reunir artistas que dialoguem com o que pensamos ser o século XXI e de certa forma apropriando-se de todos esses conceitos e trabalhos prévios”, explica o vocalista da banda, Thiago Pondé. O resultado dessa viagem filosófica no palco foi uma explosão de energia e boas músicas. Além de sucessos conhecidos da folia, a banda inseriu músicas da cena soteropolitana independente e de seu EP autoral Comendo o País Tropical.
A noite foi marcada por homenagens a Jorge Mautner, cantor e compositor, que faria parte do projeto, porém, precisou se afastar devido a problemas de saúde. O cantor e instrumentista Bem Gil aceitou o desafio de substituir Mautner no show. “Bem traz a música de berço, ele toca com Mautner e tem um trabalho autoral que se chama Tono. Então ele entrou pra somar com a proposta artística dele”, afirmou Pondé sobre a escolha.
A Cena Tropifágica contou também com a colaboração de Mariella Santiago, parceira do grupo, que já havia feito uma participação no EP da banda cantando a música Iemanjá. Para a cantora o show foi um momento de confraternização entre irmãos, e ressaltou a importância do tema do Carnaval do Pelô este ano. “É importante pra gente reviver esse clima de liberdade ideológica, política e artística que é a Tropicália, essa vontade e poder de ser quem é. A gente recupera tudo isso celebrando os 50 anos do movimento, declara.