Após os eventos desta semana, quando uma multidão de apoiadores do presidente dos EUA, Donald Trump, invadiu o Congresso do país durante a sessão que certificava os votos da eleição presidencial de 2020, o Twitter anunciou, nesta sexta-feira (8) que suspendeu de forma permanente a conta do republicano, que tinha quase 90 milhões de seguidores.
O perfil do presidente norte-americano era sua principal plataforma de comunicação com seus eleitores e, muitas vezes, com órgãos da administração do país. Não foram poucas as vezes que ele comunicou a contratação e demissão de subordinados por meio do Twitter. Na quinta, ele já havia sofrido sanção semelhante do Facebook, que também o bloqueou do Instagram.
A equipe de segurança do Twitter explicou que a decisão foi tomada após o presidente voltar a violar as normas de serviço da empresa. Ele havia sido suspenso na quarta-feira, após receber solicitação para apagar três posts, nos quais ele não condenava a invasão do Congresso por seus apoiadores e ainda afirmava que a eleição presidencial foi fraudada, novamente sem provas.
“Após uma revisão criteriosa dos recentes tuítes da conta @realDonaldTrump e do contexto em que foram feitas, nós suspendemos a conta permanentemente, devido ao risco de contínua incitação da violência. No contexto dos terríveis eventos desta semana, nós deixamos claro na quarta-feira que novas violações das regras do Twitter poderiam resultar exatamente nessa medida”, diz o post.
Na quarta, a primeira suspensão teria efeito por 12 horas depois que Trump apagasse as postagens. Após esse período, o presidente voltou a ter acesso normal e seguiu postando conteúdo que violou as diretrizes do Twitter.
A decisão foi tomada após dois novos posts. No primeiro, Trump diz “aos 75 milhões de patriotas americanos que votaram em mim (…) vamos ter uma voz gigante no futuro, eles não serão desrespeitados ou tratados de nenhuma maneira injusta”. No segundo, ele afirma que não irá participar da posse do presidente eleito Joe Biden, no dia 20 de janeiro.
Leia abaixo a explicação do Twitter:
“A declaração do presidente Trump de que não irá comparecer à posse está sendo recebida por um número de seus apoiadores como mais uma confirmação de que a eleição não goi legítima e é vista como uma negação da declaração dada por seu vice-chefe de gabinete, Dan Scavino, de que haveria uma ‘transição pacífica’ no dia 20 de janeiro.
O segundo tuíte também pode servir de incentivo para pessoas que estejam considerando cometer atos violentos de que a posse seria um alvo “seguro”, já que ele não irá comparecer.
O uso das palavras “Patriotas Americanos” para descrever alguns de seus seguidores também é interpretado como apoio para aqueles que cometeram atos violentos no Capitólio dos EUA.
A menção de seus apoiadores terem uma “voz gigante no futuro” e de que “não serão desrespeitados ou tratados de nenhuma maneira injusta” está sendo interpretada como mais uma indicação de que o presidente Trump não pretende facilitar uma “transição ordeira” e que, ao invés disso, ele planeja apoiar, empoderar e proteger aqueles que acreditam que ele venceu a eleição.
Planos para futuros protestos armados já começaram a proliferar tanto no Twitter quanto fora, incluindo uma ideia para um segundo ataque no Capitólio federal e em capitólios estaduais em 17 de janeiro de 2021.
Dessa forma, nossa determinação é que os dois tuítes acima podem inspirar outros a imitar os atos violentos que ocorreram em 6 de janeiro de 2021 e que há diversos indicadores de que estão sendo recebidos e compreendidos como incentivos a fazer isso.”
R7