No dia 3 de setembro de 2017, a Coreia do Norte realizou seu sexto e possivelmente último teste nuclear. A explosão, supostamente de uma bomba de hidrogênio, foi tão forte que causou um terremoto de magnitude 6.3 na escala Richter, destruiu a câmara de testes e fez o monte Mantap, onde ocorreu o teste, se deslocar mais de três metros.
A constatação foi feita por uma equipe internacional de pesquisadores, que avaliou os efeitos do teste nuclear norte-coreano usando imagens de satélite e dados sísmicos da região onde se localizava o centro de testes de Punggye-ri, que foi oficialmente fechado pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, como parte do processo de desnuclearização do país. O estudo foi publicado na última quinta-feira pela revista Science.
Sensoriamento remoto
Para fazer o estudo, pesquisadores de diversas universidades da China e dos EIA, entre outros, usaram um radar do satélite alemão TerraSAR-X, que consegue medir o deslocamento de terra, tanto horizontal quanto verticalmente, com uma resolução de metros. A grande diferença do equipamento para os normais, que medem por imagens, o SAR emite ondas eletromagnéticas e registra a maneira como elas são refletidas pela Terra.
Ao combinar essa leitura do satélite com os dados do terremoto, os pesquisadores conseguiram montar um modelo em 3D que mostra o impacto do teste. Os resultados mostraram que houve um imenso movimento horizontal e que a montanha foi deslocada 3,5 metros para o sudoeste.
Segundo tremor
A avaliação também mostrou que a câmara de testes nucleares da Coreia do Norte ficava 450 abaixo do cume do monte Mantap, que tem 2.205 metros de altura. Os pesquisadores também detectaram um segundo tremor, de menor intensidade, a cerca de 700 metros do local. Segundo relatos que não puderam ser confirmados, nesse ponto haveria um túnel de serviço que teria desabado com a explosão, supostamente matando dezenas de cientistas e operários.
“Nunca vimos um deslocamento tão grande causado por atividade humana, por meio de imagens de SAR”, afirmou Douglas Dreger, do Departamento de Ciências da Terra e Planetária da Universidade de Berkeley (EUA), um dos autores do estudo, ao site Gizmodo. “O deslocamento vertical foi muito menor que o deslocamento horizontal. Mais tarde, descobrimos que isso se deve à compactação por gravidade após a explosão.”
Estimativa da bomba
Com os resultados, os cientistas também puderam reavaliar as estimativas para a potência da bomba. O mais provável é que o explosivo teria a força de 209 quilotons, ou o equivalente a 209 toneladas de dinamite. Porém, a margem de erro divulgada varia de 120 a 304 quilotons.
Se a potência real for equivalente a 304 quilotons, a bomba seria 20 vezes mais forte que a utilizada pelos norte-americanos ao bombardear Hiroshima, em 1945.
R7