A canonização de Irmã Dulce, a santa dos pobres, completa um ano nesta terça-feira (13). Baianos que viram de perto a cerimônia no Vaticano, em Roma, relembraram o momento em entrevista ao G1 e, para todos, a opinião é unânime: “momento único, emocionante, difícil de expressar em palavras”.
Santa Dulce dos Pobres foi canonizada pelo Papa Francisco em 13 de outubro de 2019 e se tornou a primeira santa brasileira do nosso tempo.
Conhecida como Anjo Bom da Bahia, Dulce foi uma das religiosas mais populares do Brasil graças ao trabalho social prestado aos mais pobres e necessitados na Bahia. Em Salvador, ela criou as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), legado que é mantido pela sobrinha, Maria Rita Lopes Pontes.
A cabeleireira Nalva Silva foi uma das admiradoras de Santa Dulce e que esteve na canonização. Até hoje ela guarda cada momento na memória.
“Foi emocionante quando eu vi a imagem da santa na Basílica [de São Pedro]. Naquele momento, a gente sentia uma paz, algo que é difícil de explicar, a gente só sente”, conta Nalva.
Milhares de brasileiros “invadiram” o Vaticano para canonização de Irmã Dulce, no ano passado. Em qualquer canto de Roma era possível ver pessoas com a bandeira do Brasil, da santa, além de diálogos onde o assunto era o mesmo: “a freira baiana, que muitos de nós conhecemos, se tornará santa”.
A administradora Maria de Oliveira diz que o dia da canonização foi muito especial, mas ela também lembra da importância da primeira missa celebrada para santa, que ocorreu ainda em Roma, no dia 14 de outubro, na Basílica de Sant’Andrea Della Valle.
“O dia da primeira missa foi um momento bem especial. A gente estava com a sensação de ‘conseguimos, agora ela é santa’. A ocasião que mais marcou após a canonização foi a missa porque lá estavam as pessoas mais conhecidas, os brasileiros, tivemos aquele sentimento de calor humano”, destacou.
A prima de Maria, a servidora pública Sheila Weber, também esteve em Roma e acompanhou a canonização e a primeira missa.
“Pra mim foi um momento histórico, valeu todo o sacrifício, foi de uma hora pra outra, contei com ajuda de outras pessoas”, conta.
“É difícil expressar em palavras. A vida e história de Irmã Dulce em um instante. Reconhecimento do que ela foi e do que ela é. Emoção única de estar lá”, destaca Sheila.
Músico que teve milagre atribuído à Irmã Dulce participa da procissão do ofertório
Para ela, o momento mais emocionante da canonização foi quando Maria Rita, sobrinha de Irmã Dulce e superintendente das obras sociais, junto ao miraculado José Maurício, apareceram ao lado do papa Francisco.
“Foi muito emocionante. A gente diz que a canonização foi momento único mesmo”.
Sentimento semelhante foi da psicopedagoga Kátia Gomes.
“Eu me senti como se eu tivesse fora da Terra, me senti privilegiada por estar naquele momento ali, porque o clima, o momento, toda a celebração em si, toda emoção do momento foi única. Eu ouso a falar que nem o nascimento do meu filho foi tão emocionante como aquele momento. Tinha algo diferente no ar naquele momento, foi algo que realmente marcou muito minha vida, e de toda minha família”, conta.
‘Irmã Dulce age milagrosamente nas pequenas coisas’
Kátia revela que a canonização de Irmã Dulce também foi um momento de reflexão e avaliação da própria vida. Para ela, por mais que as pessoas estivessem atentas àquela realização histórica, também estavam refletindo quais atitudes da santa poderiam ser inseridas nas suas vidas.
“Em Roma, eu fique meio que introspectiva avaliando a minha vida. Todos comentam como eu mudei depois dessa experiência. Me tornei uma pessoa mais compreensiva, paciente. Me sinto abençoada, aquilo foi algo que tenho dificuldade para encontrar palavras que definam o momento”, revela.
A psicopedagoga diz ainda que há cinco anos fez um pedido a Santa Dulce para que a mãe, hoje com 76 anos, ficasse curada de uma meningite. Na ocasião, a mãe de Kátia chegou a ficar em coma. Dois meses depois, já curada, a mãe de Kátia deixou o hospital, mas, infelizmente, com sequelas.
“O caso de minha mãe foi um milagre. Ela deixou o hospital sem andar, ficava o tempo todo deitada e teve até escaras. O sonho de minha mãe era voltar a andar. De um ano para cá ela está conseguindo. Ela ficou anos só na cadeira de rodas, agora ela já anda com andador e às vezes até sem o andador, mas com o fisioterapeuta ao lado”, conta.
Kátia também relembrou da festa de canonização da santa que foi realizada em Salvador, em 20 de outubro. “Na Fonte Nova, eu consegui curtir e fui feliz. Consegui observar mais também. Levei minha mãe, também foi um momento lindo”, detalha.
Já a cabeleireira Nalva conta que não teve nenhum pedido para ela, pois nesse momento o mundo todo está precisando das bênçãos da Santa Dulce.
“Um ano se passou e que e o que eu peço é saúde e paz para o mundo”, diz.
A cabeleireira faz perucas e doa para as obras sociais da santa. O objetivo é ajudar pacientes e melhorar a autoestima dos que perdem os cabelos durante o tratamento de câncer.
“Eu vou fazendo aos poucos e, quando tenho uma boa quantidade, vou lá e entrego. Por causa da pandemia, não estou fazendo as entregas, mas as perucas estão aqui guardadas, quando eles puderem voltar a receber, irei lá entregar”, destaca.
A administradora Maria de Oliveira é evangélica, mas destaca que sente Irmã Dulce agindo milagrosamente nas coisas referentes às Obras Sociais Irmã Dulce. Maria é voluntária nas obras e disse que este ano foi agraciada pela santa.
“Completei 30 anos em abril e ia fazer uma festa, mas com a pandemia, não fiz. A ideia era arrecadar coisas na festa para doar para as obras, mas mesmo com a festa cancelada fiz uma campanha de fraldas. Em 10 dias consegui 112 pacotes de fraldas. Eu não sabia que eles estavam precisando de fraldas, quando fiz a entrega fiquei ciente”, conta.
“Milagrosamente eu fiz essa arrecadação de fraldas. Foi marcante pra mim. Fiquei muito surpresa, as pessoas depositando dinheiro, indo me entregar os pacotes, chegaram na hora certa. Irmã Dulce continua agindo milagrosamente nas pequenas coisas”, conclui.
A prima de Maria, a servidora pública Sheila Weber, concorda e reforça.
“As coisas com Irmã Dulce simplesmente acontecem. O milagre é diário. Às vezes você passa por um milagre nas obras quando você pensa que é impossível, as coisas simplesmente acontecem. A coisa de Irmã Dulce é não se desesperar. Ela está muito presente”, completa.
G1