O problema existe, mas a criança mal se dá conta. Imagens distorcidas ou não percebidas, sejam de longe ou de perto. O pior acontece mais tarde, impactando o rendimento escolar: criança que não enxerga direito mostra pouco interesse nas aulas e é incapaz de se concentrar. Segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 12% das crianças em idade escolar e pré-escolar precisam de óculos. Ainda segundo o Conselho, 57% das crianças com problemas visuais são desatentas e agitadas. Daí a importância de reconhecer os sintomas o mais cedo possível e levar a criança ao médico. Cabe aos pais darem atenção à saúde dos olhos dos filhos, desde o período que antecede a alfabetização. O exame do reflexo vermelho deve ser feito ainda no berçário.
“É ele que garante, logo após o nascimento, a identificação de alterações como catarata congênita e tumores oculares”, informa o oftalmologista Antônio Nogueira, do CENOE Hospital de Olhos, que conta com três unidades, em Ilhéus, Jequié e Porto Seguro. O especialista alerta ainda que, na infância, as queixas oculares devem ter tratamento imediato. Isso porque o não uso de óculos nos primeiros anos piora alterações como miopia, astigmatismo e hipermetropia, o que pode levar ao estrabismo, devido ao esforço visual, e à perda da visão num dos olhos (ambliopia ou olho preguiçoso), a principal causa de cegueira infantil. Nas crianças, alguns sintomas devem ter atenção: dor de cabeça, apertar os olhos perto da tela do televisor, lacrimejar excessivamente durante o dia, dificuldade na hora de ler e demonstrar sensibilidade à luz ou tampar os olhos com a mão.
“Uma criança de seis anos se comportava como autista porque tinha nove graus de miopia e a sua família não sabia do problema. Bastou essa criança receber óculos de lentes adequadas para voltar a enxergar e interagir com os colegas”, conta o oftalmologista.